Tiago Góes Ferreira: «Gosto da RTP porque sinto que em primeiro lugar está o conteúdo» – 7 Dias/7 Entrevistas

É um dos repórteres de serviço da RTP e, desde que ficou conhecido pela maior parte dos telespetadores, não mais parou. Tiago Góes Ferreira, também distinguido por ter as pestanas brancas, esteve à conversa com o 5º Canal. Numa entrevista exclusiva, este jovem confessou o seu sonho pela comunicação e a necessidade de fazer mais e melhor.

Oportunidades como as que tem tido não surgem todos os dias e, por isso, o atual repórter do Verão Total dá o tudo por tudo no seu trabalho.

Fique a conhecê-lo um pouco melhor na segunda série do «7 Dias/7 Entrevistas».

I

Quem é o Tiago Góes Ferreira?

Boa pergunta… talvez seja mais fácil perguntarem à minha mãe, que já me conhece e atura há algum tempo. Na minha modesta opinião, é um jovem madeirense de pestanas brancas que adora, ou melhor, ama aquilo que faz… e consequentemente trabalha todos os dias como a sua próxima reportagem fosse a sua ultima. Tirando isso, não é nada de especial…

Desde pequeno que querias seguir o mundo da comunicação? Quando começou essa paixão?

Curiosamente primeiro surgiu a paixão pelo jornalismo com o meu Tio e ainda na Madeira.  Ele era jornalista, na altura do Diário de Noticias da Madeira, e era o meu maior ídolo. Adorava vê-lo a trabalhar, a investigar, a conduzir entrevistas. Quando fui para a faculdade, já em Lisboa, era mesmo para tirar Jornalismo, só que a meio do curso, e depois de ter experimentado umas cadeiras da vertente curricular de audiovisual, é que passei adorar essa área e decidi investir mais em realização e produção televisiva.

Sonhavas igualar o teu percurso profissional com algum apresentador da altura? Se sim, qual?

Na área do jornalismo as minhas referências eram o meu tio e também o José Rodrigues dos Santos, que curiosamente acabou por ser meu professor na faculdade. E deu-me mesmo um 14. Bom, a mim e a quase todos os alunos. Mas mais tarde, comecei admirar muito o trabalho de pessoas que ainda hoje são uma referência para  mim, como o Jorge Gabriel. É um comunicador nato!

O que despertou o teu interesse pela televisão?

Penso que já respondi anteriormente. Foi sem duvida na faculdade, mas inicialmente até estava mais direcionado para as áreas da produção e realização. No entanto, e mais tarde, depois de ter escrito um projeto para um programa de televisão (que ainda hoje passa na RTP Madeira com o nome Irreverência), é que surgiu a oportunidade de apresentar um formato, porque não tinham ninguém para o fazer.

Como tal, eu disse “Porque não eu…?”, e responderam “É melhor não”. Mas eu insisti, e acumulei a autoria, produção e apresentação desse programa. Foi uma loucura, mas aprendi imenso!

II

Muitos jovens ficaram a conhecer-te por teres participado no casting para o Curto Circuito. Que memórias guardas desse período?

É um programa histórico na televisão portuguesa, mudou a maneira como se faz televisão no nosso pais. Os meus parabéns ao Rui Unas, foi o pioneiro. O Curto Circuito é uma escola e é dos poucos programas, senão mesmo o único, no qual a fase de casting é levada tanto a sério que até os próprios “alunos” apresentam programas em direto. É um risco. Mesmo assim, não pode existir melhor teste. Só dessa forma consegui aprender muito.

É um programa freestyle que testa todas as nossas habilidades comunicativas, a nossa cultura geral e as nossas capacidades de improviso. Adorei a experiência!

Ainda manténs contacto com os restantes finalistas do programa, como o João Arroja ou o Guilherme Brás?

Claro que sim, ficámos bons amigos! Eu sei que isto soa a cliché, mas combinámos mesmo os três que responderíamos sempre desta forma. Mas agora a sério, ficámos mesmo e temos uma jantarada combinada que teima em não se realizar… É o trabalho, o que também é bom sinal!

Tinhas alguma esperança em ser eleito o vencedor do casting? O que pensaste e sentiste depois de saberes que não eras o escolhido?

Claro que sim, todos nós. Fiquei triste na altura. Chegou a um ponto em que eu, apesar de ser um pessimista por natureza, comecei mesmo acreditar. Por outro lado, fiquei contente pelo João [Arroja]. Pouca gente sabe, mas eu e o João ficámos amigos logo de início. Houve ali uma química. Ele apresentou-me a sua porca Matilde e até lançámos um desafio curioso logo na primeira fase: tínhamos que estar os dois na final e um de nós ganhar. E não é que ganhou mesmo!?

João Arroja foi afastado do programa da SIC Radical sete meses depois de se ter iniciado em televisão. Como reagiste a esta notícia?

Mal, obviamente. Em primeiro lugar, porque é meu amigo, em segundo, porque acho que foi injusto e, em terceiro, porque na minha opinião o João era o melhor. Era aquele que tinha o perfil, quanto a mim, mais adequado para um programa como o Curto Circuito. Era radical, espontâneo, irreverente e diferente, e não é fácil encontrar pessoas diferentes neste meio! Aliás cheguei-lhe mesmo a dizer isso quando ele ganhou o casting!

Na altura, achavas que ele tinha o perfil adequado para o Curto Circuito?

Como referi anteriormente, sem duvida nenhuma!

III

Apesar de não teres tido a sorte de conduzir o formato da Radical, passaste a ser repórter de Portugal no Coração. Como surgiu esta oportunidade?

Eu comecei na RTP Madeira, como apresentador, grande casa, onde aprendi muito. E lá na Madeira (ainda antes de vir para Lisboa, de concorrer ao Curto Circuito) comecei a realizar algumas reportagens para o canal 1 (Portugal no Coração, Praça da Alegria). Era assim uma espécie de repórter na Madeira para esses programas. Depois decidi regressar para o “continente” (já tinha estado a estudar), porque queria novos desafios e porque só vivemos uma vez. De vez em quando devemos mesmo arriscar para um dia termos uma história para contar.  Apanhei o barco (sim regressei de barco, porque tinha que trazer  o meu carro) e vim tentar a minha sorte. Avisei a RTP que estava cá e lá foram surgindo alguns trabalhos, mas pouca coisa.

Durante um ano a vida não foi fácil até que, depois do Curto Circuito, fiz uma reportagem que correu bem, mandaram-me fazer outra e outra e outra… e acabei por começar a trabalhar com mais regularidade na RTP.  Lembro-me perfeitamente: em cada uma daquelas reportagens dava mesmo tudo por tudo, porque podia ser a minha última ou a primeira de muitas.

Hoje fico contente por ter ficado na RTP, era o meu sonho, e é uma casa que, pela sua história, equipa, linha editorial, postura e exigência, faz-me crescer muito!

Como têm corrido as reportagens exteriores para o talk-show da RTP1?

Muito bem! A reportagem é uma escola e é na rua e nos diretos que aprendemos, que somos testados ao limite e que nos superamos. Para além disso, estou a ter a oportunidade única de trabalhar com grandes profissionais. Tânia Ribas de Oliveira, João Baião, Sérgio Mateus, Ana Viriato, Júlio Isidro ou a Cristina Alves, são profissionais com muita experiência (o Júlio é um Deus da comunicação e da televisão), e não se importam nada de partilhar toda a sua sabedoria comigo. E isso, para mim, é um privilégio.

Gostas de receber o carinho das pessoas que diariamente seguem o teu trabalho?

Eu costumo dizer que sou um privilegiado: faço aquilo que gosto e ainda me pagam para isso.  As demonstrações de carinho das pessoas são diárias. Até é mais um reconhecimento do que propriamente um conhecimento: acompanham mesmo o meu trabalho. Isso não só me enche de orgulho como, acima de tudo, exige mais de mim porque a responsabilidade ainda é maior. Não quero desiludir essas pessoas!

Foste escalado para a equipa de Verão Total. Sentes que a estação pública está a apostar no teu talento?

Talento, é subjetivo! Mas fico muito contente pela aposta. É uma prova de confiança, mais um teste que não posso falhar. Estou adorar: a equipa é fantástica, existe mesmo um grande espírito de camaradagem entre todos. A Tânia [Ribas de Oliveira], o Chico [Francisco Mendes], o Sérgio, são maravilhosos e, acima de tudo, são mesmo boas pessoas. Isso reflete-se no trabalho. Uma palavra também para os operadores de imagem e para os técnicos, muitas vezes injustamente esquecidos. Se o nosso trabalho tem valor, foi porque eles muito contribuíram para isso.

Tenho aprendido muito com os meus colegas. Devemos trabalhar sempre em equipa!

O teu futuro passa pela RTP1?

Esse é o meu desejo.

IV

Tens novos projetos para os próximos tempos? Se sim, quais?

Por agora só o Verão Total… uma coisa de cada vez!

Que programa gostarias de apresentar a curto/médio-prazo?

Não escondo que gostava novamente de ter oportunidade de apresentar um programa. Só o fiz na Madeira. Mas sinto que ainda tenho que crescer e aprender muito, e as reportagens são as melhores lições para isso!

Costumas acompanhar as audiências?

De vez em quando mas, neste momento, não confio muito nos números. Além do mais, o importante é a qualidade do conteúdo e não só as audiências. Apesar disso, reconheça que um canal sem audiências, sem público, não faz sentido nenhum. E é por isso que gosto da RTP, porque sinto que em primeiro lugar está o conteúdo. Agora o desafio é mesmo fazer um formato com um bom conteúdo  e boas audiências. E já vi muitos na RTP!

Preocupam-te os resultados que o primeiro canal tem registado nos últimos tempos, depois de a GFK ter substituído a Marktest na medição das audiências em Portugal?

Não… são irreais!

Como descreves o atual serviço público que a RTP presta na atualidade?

A RTP faz e promove o serviço publico de televisão tanto na área da produção, como na informação. Não é por acaso que um dos nossos slogans é precisamente: “ Somos o primeiro”.  Somos mesmo! Somos os primeiros a chegar ao local da noticia, a fazer a cobertura de forma séria, imparcial e criteriosa. Vamos a todo o lado, percorremos o pais de lés a lés, mostramos e divulgamos os nossos costumes e tradições. E ainda fazemos mais: humor, cinema, documentários.

É um canal completo. Na minha opinião, um dos exemplos de serviço publico de televisão. E podíamos fazer mais, se a conjuntura fosse outra!

V

Tens por hábito acompanhar os sites e blogues de televisão? Se sim, quais?

Sim, eu adoro fazer, ver e ler sobre televisão. É uma área que me fascina a nível profissional e pessoal. Reconheço que acompanho mais a imprensa, como a revista das sextas-feiras do Diário de Noticias, a Noticias Tv,  e a revista Produção Profissional. As restantes notícias, nomeadamente online, surgem nas minhas viagens cibernáuticas pelas páginas dos nossos meios de comunicação social. No entanto, devo confessar que fiquei agradavelmente surpreendido com a qualidade e o rigor do vosso 5ºcanal. Podem contar com mais um seguidor!

Uma mensagem para os leitores do 5º Canal

É bom ver um conteúdo online reportar, analisar e investigar o mundo da televisão de forma séria, objetiva e atualizada. E, a partir de agora, vou mesmo acompanhar a vossa página: já a coloquei nos meus favoritos. Obrigado 5ºcanal!

Obrigado!

Diogo Santos

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Marketing e Publicidade. Tenho uma grave obsessão por audiências desde os meus 14 anos. Espanta-se quem me ouve dizer que praticamente não vejo televisão. No entanto, basta fazerem-me uma pergunta sobre esta categoria, e a resposta surge em segundos. Querem testar? ;)

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