«Quarteto» estreia-se em dezembro no Centro de Artes de Lisboa

Quarteto, escrita pelo dramaturgo alemão em 1981, baseia-se no romance As Ligações Perigosas, de Chorderlos de Laclos, – que Müller afirma ter “folheado” – e coloca em cena as duas personagens essenciais dessa obra: a Marquesa de Merteuil e o Visconde de Valmont.


Agora o cenário é uma distopia que tanto invoca um salão pré-revolução francesa como um bunker após a terceira guerra mundial. A atmosfera anacrónica e desolada ilumina esta nova ficção como se respondesse à ficção anterior. Os jogos de sedução e manipulação, que entretinham as figuras da aristocracia decadente da Paris de final de setecentos, são aqui intensificados num duelo verbal entre Valmont e Merteuil, como um fino equilíbrio entre o declínio moral e a autodestruição.

Ferozes e destrutivos, as duas personagens passam em revista as suas conquistas amorosas e os seus planos de vingança, invocando um passado demasiado distante para que no presente possa restar algum fôlego de vida. As duas figuras representam-se a si próprios e trocam de papéis, como marionetas humanas, numa batalha de identidades absurda, existencialista, teatral, poética, densa e lúdica, no universo tão particular de Müller, cujo génio, nestas suas adaptações livres, se entretém, com a porcaria e a sujidade escondida nos brinquedos antigos.

A estreia da peça Quarteto está marcado para o próximo dia 05 de dezembro, no Centro de Artes de Lisboa.


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