Só Séries: Até onde chegam os pais para salvarem os seus filhos em «Crisis»
Andava eu a passar os olhos pelo canal NBC quando descobri esta série, estreada há pouco tempo, a lutar por um lugar nas audiências. Crisis procura ser uma série do tipo policial com drama e ação misturada, mas existem muitos contras para lhe dar um lugar de relevo na programação.
Criada por Rand Ravich, numa produção da 20th Century Fox Television para o canal NBC, a história aborda o rapto de um autocarro escolar, no qual se encontram os filhos de algumas pessoas poderosas. Entre os jovens encontra-se o filho do Presidente dos Estados Unidos, que estava sob a proteção de Marcus Finley (Lance Gross), um agente dos serviços secretos. Com o tempo, os reféns começam a aperceber-se que o filho do Presidente possa não ser o alvo, uma vez que os seus pais são pessoas ricas e influentes. Uma das jovens é sobrinha de Susie Dunn (Rachael Taylor), uma agente do FBI que fica a cargo de descobrir os desaparecidos, e filha de Meg Dunn (Gillian Anderson), uma poderosa diplomata. O elenco principal é também composto por Nash (James Lafferty), um professor da escola, Thomas Gibson (Dermot Mulroney), um ex-agente da CIA, e a sua filha Beth Ann (Stevie Lynn Jones), Ian (Max Schneider), Anton Roth (Joshua Erenberg) e Olsen (Michael Beach), o diretor do FBI. O sequestro foi levado a cabo por Koz (Max Martini) um mercenário fortemente armado que não vai olhar a meios para atingir os seus fins.
Roçando um pouco os limites do que já é utilizado neste tipo de produções, a história apresenta demasiados clichés que a tornam incrivelmente vulgar. Desde as divisões sociais entre os alunos (populares e ricos vs pobres) até mesmo na caraterização de outras personagens, existem muitos ideais já pré-concebidos. Torna-se quase enfadonho perceber que já vimos aquele tipo de personagem em muitas outras produções e que pouco há para descobrir. A questão é que os criadores continuam a apostar naquilo que ainda nós não sabemos: quem são os pais dos jovens raptados e até onde eles estão dispostos a ir para salvarem os seus filhos. E cada um dos jovens tem pais altamente influentes nas camadas políticas e militares dos EUA e que podem mudar o percurso da história a qualquer instante. A verdade é que tudo não passa de uma vingança de um dos pais (não vou dizer quem para não estragar a surpresa) para tornar do conhecimento público uma situação militar que foi fortemente abafada.
Em relação ao elenco, confesso que estava à espera de muito mais dos protagonistas mas Rachael Taylor não consegue convencer como protagonista (já não teve muita sorte em 666 Park Avenue e duvido que Crisis tenha continuação). Até mesmo as pequenas e simples aparições de Gillian Anderson (muito aquém daquilo que é verdadeiramente capaz) conseguem ter mais destaque. Dermot Mulroney, que desempenha um papel duplo na série, poderia estar ligeiramente melhor, pois a sua prestação é bastante mecanizada e sem qualquer carisma. De resto, os diálogos e interações entre personagens parecem demasiado forçados, mecânicos e pouco atrativos.
Onde a série até se consegue destacar é pela quantidade de cenas de ação, perseguições e tiroteios, apresentando não só efeitos que as tornam mais verídicas e cativantes, mas também a nível de planos. A câmara consegue acompanhar toda a sequência num movimento suave e dar ao espetador um momento de puro entretenimento. A utilização de planos em pormenor tem dado um outro rigor à série.
No fundo, Crisis é uma série para entreter, para manter o espectador ligado enquanto este procura descobrir os segredos dos pais, à medida que se vai apercebendo que a qualquer momento tudo pode mudar. Mas falta imensa consistência a nível da história e de atuações que a tornem mais original pois acaba por ser mais do mesmo. De qualquer forma, aconselho a que espreitem e tirem as vossas próprias conclusões.