Entrevista – Débora Neves: «Dou aos outros o meu melhor. Sempre!»

O Quinto Canal traz até si uma entrevista exclusiva com Débora Neves, participante do Big Brother 2021 e Big Brother – Desafio Final 2022.


A sétima edição do Big Brother decorreu entre 12 de setembro e 31 de dezembro de 2021. O reality-show da TVI foi apresentado por Manuel Luís Goucha e Cláudio Ramos.

A Débora é licenciada em Direção e Gestão Hoteleira. O que a levou a seguir esse percurso?

Como tive um percurso de vida a nível familiar mais difícil, sem uma estrutura estável, nem sempre consegui fazer nas alturas certas o que pretendia, porque tive que trabalhar mais cedo do que era expectável. Fiz o curso de Animadora sociocultural/Técnica psicossocial, que tinha uma componente prática que valorizava muito. Acabei por fazer a licenciatura mais tarde. Ficou em stand-by, mas nunca esquecida. Precisei de alcançar estabilidade financeira e de vida para poder ir para a faculdade. Entrei no ensino público, mas tinha que pagar propinas, estudando em regime pós-laboral, porque trabalhava durante o dia. Para mim o saber não ocupa lugar e eu quero sempre aprender mais!

O levou a Débora a concorrer e a participar no Big Brother, em setembro de 2021?

Não foi a primeira vez que tentei, já tendo essa vontade em mente há vários anos. Já me tinha inscrito noutros reality-shows e fiquei suplente na Casa dos Segredos 6, sendo um balde de água fria. Era algo que para mim estava inconcluído e desta vez o prémio foi aliciante, podendo ir até aos 100.000 euros. Não tendo responsabilidades, como filhos ou uma relação com alguém, resolvi tentar. Foi um sonho tornado realidade, uma realização e desafio pessoal.

Em vários momentos a Débora revelou ter tido um background familiar e pessoal que não lhe foi favorável. Não receou o escrutínio que os media e o público pudessem fazer de si com projeção que teria ao entrar na casa?

Sabia da minha bagagem, tinha consciência e fui com tudo. Podia ter corrido menos bem, mas superou as minhas expectativas e agradeço todos os dias verdadeiramente por os portugueses terem sido sensíveis à minha situação e se identificado tanto comigo. Com tantas complicações a nível familiar poderia me ter desencaminhado na adolescência se não fosse forte e não tivesse a cabeça no lugar. Orgulho-me dos valores que a minha avó me incutiu e do meu percurso. Quis sempre ver o lado positivo da minha realidade, focando nas soluções ao invés dos problemas.

A Débora foi a última concorrente expulsa da sua edição do Big Brother, saindo a cinco dias da final. Ao entrar na casa, até onde imaginava que iria a sua participação?

Não criei expectativas, fui de mente aberta e espírito livre. Pensei que iria ser eu mesma, natural, divertir-me, desfrutar cada momento. Tinha medo de ser expulsa pois estava sempre nomeada. Tudo era possível acontecer.

Quando sai para fora da casa foi um boom gigante porque ninguém queria que tivesse saído e ouvi coisas como “és a justa vencedora”, “és a vencedora dos portugueses”, “desliguei a televisão assim que saíste”, não imaginando que as pessoas pudessem ter tanto carinho e valorizar-me tanto. Correu melhor do que alguma vez poderia imaginar.

Consegui passar a minha mensagem de positivismo, sorrir mais, escutar e respeitar o próximo. Sem perceber, senti que fui um exemplo, força e orgulho para muitas pessoas e famílias. Isso enriquece-me imenso.



Nos momentos mais complicados do Big Brother 8 chegou a pensar desistir? O que a levou a aguentar e seguir em frente?

Nunca, nunca, nunca! O Big Brother disse-me isto uma vez: “é destas pessoas que os reality-shows e nós precisamos, porque a Débora teve tantas dificuldades e em nenhum minuto veio aqui ponderar desistir”.

Todo o meu percurso e experiência profissional deram-me uma bagagem que muitos concorrentes não tinham. A maioria não tinha essa preparação de vida, já trabalhei com equipas de rua, vivenciei a problemática da toxicodependência, muitas vezes nem dormia porque tinha três trabalhos, trabalhava e estudava à noite. Daí, a minha vontade superava isso tudo. Querer estar ali, viver tudo intensamente, com orgulho e motivação falava mais alto. Por isso é que acho que correu tão bem.

Às vezes, os concorrentes, como não tinham como me atacar, pensavam que estava a desempenhar um papel ou a ser falsa porque não me conheciam e embrulhavam-se nesse registo de comunicação de que era tudo jogo. Estavam redondamente enganados. A minha bagagem era diferente, fazendo-me estar com tranquilidade, perseverança e resiliência.

Que colegas das edições do Big Brother em que participou sente que criou uma melhor relação e mantém contacto atualmente?

Não posso dizer que tenha uma relação, não por mim mas por eles. Até acho que tenho mais ligação e amizade com concorrentes de outras casas. Com a minha, falo pontualmente com algumas pessoas. Posso trocar mensagens com algum ex-concorrente mas é tudo muito cordial. Se me mandarem respondo e estou de coração aberto. Mas sou eu que procuro e não deve ser sempre assim. Sinto que atualmente ninguém me procura.

Relativamente ao Desafio Final não é muito diferente, já me tendo cruzado com algumas pessoas que me falaram bem, mas não ficaram amizades. Sinto que é o momento e nada mais.

Como descreve a relação com o público que interage consigo? Como lida com os haters?

Dou muita atenção aos meus apoiantes. Valorizo-os muito. Perco imenso tempo nas redes sociais. No início não estava habituada, mas agora lido muito bem. Posso dizer que em cem mensagens só uma ou outra são menos boas. Perante isso, respeito, agradeço a opinião e desejo tudo de bom. Devolvo sempre com carinho. Se ver a mensagem não vou ignorar e respondo de bem, pois é assim que estou na vida.

Agora, com a marca, tenho ido às feiras e as pessoas gostam disso. Algumas dizem que mandam mensagens e eu ainda não respondi, e é verdade. Explico que não o fiz porque ainda não abri. Sempre que abro respondo. E nessas mensagens dizem-me muitas coisas carinhosas. Vejo tudo, retenho e tento sempre melhorar, portanto, lido bem. Por muitas que sejam as mensagens nunca apago nada, pois aprendo sempre com as pessoas. Pode ser tarde mas respondo sempre.

Identifica alguma coisa de diferente entre a Débora de 12 de setembro de 2021 e a Débora de hoje?

Sim, temos uma melhor versão! Gosto de aprender, e no que poder melhorar eu faço-o. Dou aos outros o meu melhor, o meu carinho e atenção. Estou mais madura, resiliente, confiante, empoderada, assertiva, com mais pulso, ainda mais determinada e com muita força para abraçar o mundo. Tudo o que era melhorei. Consigo ter melhor visão para apoiar ainda mais os outros, não desistir dos meus sonhos. Foi assim, por exemplo, com a marca que precisei de quatro meses para a lançar.

No entanto, importa lembrar que está tudo igual e não mudei. O meu comportamento não mudou perante as pessoas. Falo com toda a gente da mesma maneira, frequento os mesmos sítios, visto as mesmas coisas. E assim continuarei. A única diferença é que agora sou reconhecida.

Em algum momento sentiu preconceito por ter sido concorrente de um reality-show? Se sim, em que contexto foi?

Não penso nisso. Se o fizesse não teria ido para o programa e muito menos aceite o convite para o Desafio Final. Não lido com esses preconceitos nem lido com estereótipos. Acho que a maioria das pessoas que criticam os reality-shows é da boca para fora. A maioria que diz isso acaba sempre por ver e comentar. É um preconceito que não devia existir.



O que a levou a criar as tigelas Devora by Debbie?

Foi a imagem, as brincadeiras, as fotografias e tudo o que os meus apoiantes passaram cá para fora e eu lá dentro não fazia a menor ideia. Não tinha noção da quantidade de vezes que estava com coisas na mão. Quando cheguei cá fora e vi tanta coisa gira achei uma boa oportunidade e comecei a pesquisar sobre tigelas. Fui para as fábricas, comecei a aprender coisas sobre todos os processos. Todo o percurso até ao lançamento da marca foi difícil, mas desafiante e mais uma vez não cruzei os braços.

As próprias pessoas na rua perguntavam-me sobre as tigelas e incentivavam-me. Recebi muitas mensagens e perguntas à volta das tigelas, pensei que fazia sentido e, correndo bem ou mal, elas tinham que sair. Deu-me um gozo imenso, confesso.

É um produto artesanal, exclusivamente concebido por mim, pintado e feito à mão pela ceramista que compreendeu a minha história. Foi muito carinho posto no desenvolvimento da marca. Não têm existido comentários negativos, felizmente só se tem falado bem. Está a ir devagarinho, mas está a correr bem.

Em que aspetos as tigelas da sua marca se diferem das restantes?

No aspecto em que é um trabalho muito minucioso e delicado, que envolve a mão humana. Não são de fábrica, não é um produto rápido ou feito de igual forma para toda à parte. É personalizado e exclusivo. Nenhuma tigela sai igual à outra, nem a sua pintura. A única coisa semelhante é o logotipo, pois é um decalque.

O valor da tigela tem implícito as horas de trabalho artesanal, desenvolvimento da peça, idas ao forno, pintura à mão, embalamento até à formação na qual investi antes de lançar a marca. A peça demora uma semana a ser feita, no qual todos os procedimentos deste trabalho de cerâmica precisam de sair bem. A peça precisa de ser valorizada e é sem dúvida, diferenciada.

Que projetos pretende abraçar no futuro?

Os meus projetos principais, que coexistirão paralelamente com a Devora, passam por terminar o curso de personal trainer, no qual apenas falta concluir o estágio (espero em setembro). Quero muito dar aulas de grupo, ajudar as pessoas a melhorarem a sua qualidade de vida, fazê-las sentirem-se bem através do desporto. Já terminei o curso de zumba e bum bum brasil e vou começar já a dar essas duas modalidades.

Vou desenvolver a marca paralelamente com o fitness, havendo uma complementaridade entre a Devora e o Desporto. Penso que daí surgirão ideias muito giras. Confesso que gostava de receber o convite para fazer parte da equipa de comentadores do Big Brother ou de algum programa de entretenimento. Seria um “plus” onde poderia continuar ligada aos reality-shows e sentir-me ainda mais plena!


Rúben Gomes

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