Diogo Infante: «A ficção nacional regrediu do ponto de vista de produção»
Durante muitos anos, integrou o elenco de algumas das mais conhecidas séries e novelas em Portugal, tendo-se afastado do pequeno ecrã para se dedicar aos teatro, mas não nos palcos. Há pouco tempo foi afastado da direção do Teatro Nacional D. Maria II e entrou por isso novamente no pequeno ecrã com um série e um telefilme produzido para a RTP.
Foi numa grande entrevista à Notícias TV desta semana que o encenador deu a sua opinião sobre o estado da ficção em Portugal, salientando que houve melhorias em termos técnicos, mas que a produção está a regredir a cada dia que passa:
Evoluiu do ponto de vista técnico e regrediu do ponto de vista de produção. Hoje, como sempre, tenta-se fazer mais com menos. Somos mais ambiciosos nos resultados, mas temos cada vez menos condições para o fazer. Vivemos sempre neste paradigma e é muito complicado porque se exige mais às pessoas. Trabalha-se mais horas e com menos condições, com menos remuneração, e isso é muito cansativo.
Nesta mesma conversa houve ainda tempo para falar sobre a atualidade televisiva, numa altura em que as duas estações privadas apostam em reality-shows, com principal destaque para a Casa dos Segredos. Sobre este fenómeno Diogo Infante afirma: «Não vejo. Nunca vi. Nem sei o que é.». Estes fenómenos são cada vez mais uma constante na televisão portuguesa e o ator garante:
Acho que os reality-shows representam um fenómeno curioso. É o vouyerismo levado a um extremo e que de alguma forma vem preencher um profundo vazio nas nossas vidas. É curioso e é evidente que há um lado intrusivo e bisbilhoteiro que todos nós tempos e que é mais forte que nós.Depois a forma como isso é manipulado ou explorado depende de muitos objetivos.
Assim, deixa clara a ideia de quem, em Portugal, o mundo do audiovisual e a cultura em geral sempre esteve sob crise nunca dando espaço para investimentos arriscados o que leva a um não reconhecimento do que se faz e produz no nosso país.