Só Séries: Porque «Samurai X» marcou uma geração

Pela segunda semana consecutiva são publicadas notícias bastante interessantes sobre dois dos meus animes favoritos. A semana passada, devido à nova adaptação da história, relembrei as aventuras das Navegantes da Lua (ou Sailor Moon), que tantas adolescentes prendeu ao ecrã. Esta semana, devido à partilha do mais recente trailer da versão cinematográfica, trago-vos Rurouni Kenshin, conhecido como Samurai X.

Inspirado na obra do artista Nobuhiro Watsuki, Rurôni Kenshin: Meiji kenkaku romantan, a história apresenta como protagonista Kenshin Himura, um pacífico espadachim que prometeu nunca mais matar. Enquanto esteve ao serviço da Ishin Shishi, Kenshi era um hitokiri (assassino) tendo matado milhares de pessoas e mostrou toda a sua habilidade com o Battoujutsu. Ele acabaria por ficar conhecido como Hitokiri Battousai ou simplesmente Battousai (retalhador). No fim da guerra pela implantação do imperialismo Kenshin, em 1868, arrependido de ter tirado tantas vidas, decide que nunca mais quer voltar a matar. Durante dez anos vagueou pelo Japão, autodenominando-se como Rurouni (andarilho) e acaba por encontrar abrigo no Dojo Kamiya, onde conhece Kaoru Kamiya, uma professora do estilo de luta de espadas Kamiya Kashin. Mas Kenshin está longe de encontrar a paz que precisa que terá que voltar a utilizar muitas vezes a sua Sakabato – a famosa espada de gume invertido.

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O anime estreou no Japão em 1996 e não me lembro ao certo quando comecei a ver mas sei que era transmitido pela TVI durante o programa Batatoon (o famoso programa para crianças que fez um enorme sucesso logo após o Buéréré, da SIC). Apesar da minha tenra idade adorei a história e toda a ação do anime. Confesso que era sensível às cenas de luta e de sangue, mas com o tempo consegui ter maturidade suficiente para interpretar e apreciar a genialidade de Samurai X. Quem nunca ficou fascinado pela história de redenção do Kenshin? Ou quem nunca se deslumbrou com a espada de gume invertido que ele utilizava? Quem nunca se riu com as piadas de Sanosuke (que tinha uma arma excecionalmente grande)? Ou com as tentativas de Yahiko se tornar um espadachim exímio?

Samurai X apresentava toda a essência de um anime e a complexidade de um manga, ao contrário do que sucedeu com As Navegantes da Lua. E claro, um contexto histórico bastante interessante para quem se fascina por essas coisas (como eu). Foi a primeira vez que tive contacto com a cultura japonesa antiga, com os rituais de luta e com a questão da honra dos samurais. Esta parte da história japonesa é sem dúvida interessante e cativou-me para a sua pesquisa posteriormente. O ponto interessante sobre a história é que cada personagem tem o seu lado sombrio, o passado que procura esconder, mas que são capazes de mudar para um fim melhor e que por detrás de tanta escuridão residem pessoas boas e fortes. A personalidade de Kenshin sempre foi bastante complexa na minha opinião e admirava bastante o facto de ele ter conseguido manter a sua promessa de não matar. Até mesmo a timidez de Kaoru escondia a forte mulher e excelente espadachim que ela era. Samurai X conseguia não só entreter mas também transmitir algumas noções morais e apelava imenso à nossa interpretação do que é certo e errado.

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Apesar de o anime estar muito bem construído, sofreu várias críticas por não ser totalmente fiel ao manga o que levou posteriormente à criação de OVA’s que seguissem mais restritamente os contornos da obra. Confesso que tenho não só esses vídeos mas também o anime completo e a minha admiração recai sempre no anime. Talvez por ter sido o meu primeiro contacto com a história ou por ter sido um marco na minha adolescência. A verdade é que o anime será sempre o meu ponto de referência para quando se falar de Rurouni Kenshin.

O filme exibido em 2012 foi na minha opinião uma das melhores adaptações cinematográficas de um anime. É simplesmente genial e contém todos os detalhes e pormenores relativamente à história que apresenta e ao contexto histórico. As prestações dos atores estão muito boas especialmente a do protagonista, que consegue conciliar o carácter duplo de Kenshin sendo por um lado uma personagem cómica e por outro um homem sombrio.

Sem sombra de dúvida que Samurai X marcou igualmente a minha geração e que será para sempre um anime de referência. Tenho pena que não tenha voltado a ser exibido em canal aberto e traduzido para que pudesse ter chegado a mais jovens portugueses. Não obstante, fico feliz por ainda existir quem ainda se inspire em Rurouni Kenshin e recorde aquela que é uma das grandes histórias do nosso tempo.

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Inês Calhias

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, desde cedo adquiri um enorme interesse por séries. Tento ver um pouco de tudo e apresentar aqui no Quinto Canal o que se passa no panorama televisivo.

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