Só Séries: Falso casal lésbico em «Faking It»

Numa altura em que são imensas as novas séries, falar de uma que já vai na sua segunda temporada pode parecer suspeito para vocês. Esta é uma daquelas produções que me provoca mixed feelings e por isso ainda não lhe tinha dedicado o meu tempo para falar sobre ela. E porquê? Porque a série é do mais vulgar que poder existir mas é extremamente viciante…

Criada por Carter Covington para o canal MTV, Faking It conta a história de duas amigas que procuram encaixar-se em algum grupo social na sua escola. Amy (Rita Volk) é uma jovem descontraída, que mora com a sua mãe e que é atormentada por Lauren (Bailey Buntain), a filha do seu padrasto. Por outro lado, Karma (interpretada pela luso-americana Katie Stevens), tem uma família pacata e hippie, e procura captar a atenção do rapaz mais giro da escola, Liam (Gregg Sulkin), sempre acompanhado pelo seu melhor amigo homossexual Shane (Michael Willett). Após várias tentativas para tentarem ser populares, é de uma maneira involuntária que, numa festa, são anunciadas como um casal lésbico e tornam-se alvo da atenção de todos. Como isto era o que Karma sempre quis, conseguindo assim também ter a atenção de Liam, Amy resolve ajudar a amiga e começam a fingir ser um casal. O que esta não estava à espera é que os seus sentimentos fossem tão inocentes como pareciam.

faking it

A história parece ridícula? Imenso. É totalmente impensável uma série retratar este tipo de cenário uma vez que nada tem em comum com a realidade. Principalmente na América, onde muitas têm sido as histórias que os meios de comunicação apresentam de adolescentes mal tratados pelos colegas e familiares por assumirem a sua homossexualidade. Apresentar um casal lésbico adolescente como extremamente popular na escola é algo totalmente inesperado e confesso que me deixou com o pé atrás em relação à série. Mas será que não resultou? Resultou imenso. É que a forma como a série está feita permite que assuntos sensíveis sejam tratados com alguma calma e comédia à mistura. Tirando a parte de toda a gente na escola as colocar num pedestal, tudo o resto está lá. A descriminação/aceitação dos pais, os maus tratos por parte de outros habitantes, os preconceitos e estereótipos, a descoberta da homossexualidade, as relações sexuais e até mesmo a presença de outros assuntos sensíveis retratados em outras personagens. E isto salva a série de ser um fracasso total.

O ponto forte de Faking It é sem dúvida o elenco. Composto maioritariamente por atores jovens, todos têm uma forte componente cómica. Michael Willett, que interpreta Shane, é na minha opinião o mais divertido e já me provocou imensas lágrimas. E o duo de protagonista resulta de uma forma excelente. Elas têm uma química que transparece a amizade que já desenvolveram fora do ecrã (e agora fica a questão, será só amizade? :P) e conseguem performances muito boas. Todo o peso da série está nas suas costas e elas conseguiram de uma forma original e divertida conquistar um lugar na televisão americana, sendo um dos casais mais adorados do momento.

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A série tem um look moderno e uma cor muito brilhante, talvez por ser uma produção para adolescentes. A banda sonora ajuda imenso a dar este toque juvenil à série, composta maioritariamente por músicas pop. Os planos são no geral bons e a câmara não é fixa, o que dá uma ideia de movimento bastante bem aproveitada.

Se estão à espera de uma série dramática que incida sobre um dos principais temas da atualidade, desenganem-se. Faking It é uma série para adolescentes, divertida e viciante, que procura abordar assuntos com os quais eles se identifiquem no geral. A exibição da segunda temporada no mesmo ano da estreia só prova que é uma aposta forte da MTV e que está a ter muito sucesso. Resta esperar e ver que novas aventuras e desamores irá o grupo de amigos viver no futuro… Eu cá aposto que elas vão acabar juntas 😉

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