Em Foco (15 a 21 de julho)

A festa de verão da SIC nesta sexta-feira provou que, de facto, ainda existe muito dinheiro para se gastar em televisão. O luxo e as estrelas voltaram a desfilar na passadeira vermelha de mãos dadas, o que nos faz questionar qual a razão de também não se investir na inovação e criatividade para outros conteúdos. Afinal, se há capital para umas coisas, porque não há para outras?

A resposta parece ser confusa, e a prova disso é que até o futebol pode ser a vítima da chamada «crise dos media.» Até agora, nenhuma das generalistas demonstrou interesse em comprar os direitos de transmissão da Liga Portuguesa de Futebol, o que poderá ser justificado pelo investimento na ordem dos 16 milhões de euros que é necesssário para que uma delas passe a oferecer semanalmente uma partida deste campeonato aos telespetadores.

Muito dinheiro em jogo e, já agora, zeros que nunca mais acabam. A Sport TV parece não estar preocupada em descer este valor, uma vez que não existiu qualquer contacto entre a RTP1, SIC ou TVI, e este canal. «Não é uma questão de baixar o preço. Se nem sequer há interesse, não chegámos a essa fase de pensar em custos», confessou Bessa Tavares, administrador deste temático.

Sem poder de investimento, a palavra de ordem passa agora por partilhar. Afinal, e no que toca aos estágios dos três principais clubes portugueses, cada uma das estações em sinal aberto ficará responsável pela emissão dos jogos de um deles.

São estes os novos tempos, que nos levam a crer que o futuro que se avizinha não será o melhor.

As palavras de Cláudia Vieira à Correio TV foram, no minímo, interessantes. De facto, a apresentadora resumiu numa entrevista tudo o que penso sobre a mais recente temporada do Ídolos. Os concorrentes não se destacaram ao longo das galas, não foram desenvolvidos grandes movimentos das claques para os apoiar, e nem sequer existe um grande alarido por um determinado finalista abandonar o talent-show. Por outras palavras, o que interessa depois de um deles sair é precisamente quem lhe seguirá o caminho. Cláudia Vieira provou pensar exatamente o mesmo quando confessou o seguinte à revista do Correio da Manhã:

Eles são mais novos, mas também têm mais ferramentas ao seu dispor e sabem exatamente qual é a atitude certa. Sinto é que são mais parecidos uns com os outros. Não existe um que se saliente como aconteceu em edições anteriores. Dos finalistas que estão em cima da mesa não sinto que haja um eleito.

De salientar igualmente que a estrela da SIC colocou praticamente de lado a hipótese de conduzir uma nova edição deste concurso de talentos. Visivelmente desgastado, esta é de facto uma realidade: caso exista uma sexta edição do Ídolos, é necessário novo sangue, novas caras e, essencialmente, um intervalo de tempo que, de facto, justifique o seu regresso. «O Ídolos precisa de respirar um bocadinho. Faz falta estar três ou quatro anos fora do ar e só depois voltar», admitiu Cláudia Vieira.

Na minha opinião, uma nova temporada deste concurso não deve ser desejada. Por outro lado, porque não propôr aos apresentadores um novo desafio que os descole do projeto pelo qual dão a cara há quatro anos? É muito tempo!

Ainda de salientar a nova contratação do novo canal por cabo Correio da Manhã TV. Depois de José Carlos Castro e Carlos Rodrigues, chegou a vez de Francisco Penim abraçar este projeto na função de coordenador de programas. O antigo profissional da SIC vai continuar ligado ao universo dos temáticos e, quisá, tornar este canal competitivo o suficiente para arranhar as audiências da SIC Notícias, RTP Informação ou TVI 24.

Mas como não há duas sem três, tal como se costuma dizer, também o jornal A Bola vai passar a ter um canal exclusivo na MEO a partir de setembro deste ano. A Bola TV vem demonstrar que o futuro da imprensa passa pela televisão e, neste caso, pelo cabo. Os meios de comunicação social tendem a reinventar-se e, nos últimos tempos, temos assistido a verdadeiras provas desta realidade!

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Para terminar este Em Foco, recordo apenas as palavras de Margarida Carpinteiro à Notícias TV sobre o suposto serviço público prestado pela RTP:

Confesso que me faz alguma impressão. Eu pergunto: neste momento, qual é a diferença entre o canal RTP e os outros? Não sinto muitas. Não há preocupação cultural. Não se ouve um concerto na estação principal, não se ouve uma entrevista, ou são raras, a individualidades da cultura. Fala-se muito que os portugueses não são cultos. Não é preciso ler muito, mas é preciso ao menos saber que há gente que escreve, que há gente que pinta. Que as coisas existem. Vemos estes programas da RTP aí pela província… é deplorável. É uma tristeza. Passamos a vida a elogiar choriços? E paios? E azeites? E não há uma hora para um bom concerto de um português que apareceu, gente nova com tanto talento? Pronto… eu nem sei dizer se faz falta um canal ou não, sei que estou farta de que a RTP não tenha serviço público.

 

Dão que pensar!

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Até para a semana!

 

Diogo Santos

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Marketing e Publicidade. Tenho uma grave obsessão por audiências desde os meus 14 anos. Espanta-se quem me ouve dizer que praticamente não vejo televisão. No entanto, basta fazerem-me uma pergunta sobre esta categoria, e a resposta surge em segundos. Querem testar? ;)

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