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Em Foco: Os 20 anos da TVI
Batatoon, Anjo Selvagem, Amanhecer, o início de um Jornal Nacional com o pontapé de Marco a Sónia, a programação infantil dedicada aos mais jovens, a estreia de Morangos com Açúcar, Olá Portugal ou a Vida é Bela são, sem dúvida alguma, momentos que marcaram a televisão portuguesa e a nossa vida. A TVI de hoje é muito diferente daquela que se via há 20 anos atrás. Onde paira a inocência de Super Pai ou da trinca-espinhas? Quando é que se perdeu a curiosidade para se seguir uma produção como Olhos de Água?
A aposta da estação de Queluz de Baixo na ficção nacional foi, de facto, uma jogada de ás. Criar uma autêntica família de atores, perguntas emblemáticas como Quem matou o António? ou dar a conhecer caras que muitos de nós dificilmente conheceríamos hoje se não se tivesse criado um produto que concorresse com a Malhação e New Wave (Morangos com Açúcar)… Os primórdios do sucesso do canal da Media Capital foram muito bem delineados, graças à sabedoria e vontade de arriscar de José Eduardo Moniz.
Com ele, a TVI ganhou uma nova roupagem, outra linha editorial, vários profissionais que se tornaram comuns para o telespetador. O horário nobre foi o primeiro a sofrer mudanças, com a estreia de Big Brother. Seguiram-se as novelas, os talk-shows, as séries e a informação. A 13 de setembro de 2004, foi dado um novo passo nas manhãs da estação, com a estreia de Você na TV!. Na altura, o horário das 10h00 às 13h00 era dos poucos que necessitava de uma grande mudança. Passados quase 9 anos, o sucesso foi alcançado. O programa lidera confortavelmente frente à concorrência, tendo sido criada uma nova dupla na televisão nacional: Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha.
O sucesso de Fátima Lopes no SIC 10 Horas e no Fátima foi substituído pela animação da saloia da Malveira e pelas peripécias em direto no Você na TV!.
Mas afinal, como é a TVI atual? José Alberto Carvalho e Judite Sousa deram um novo fulgor à informação do canal, Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha tornaram-se nos apresentadores de referência do mesmo, Júlia Pinheiro passou a dar os bons dias na SIC, as novelas perderam força. Os seus títulos repetem-se, o elenco conta constantemente com os mesmos atores, os enredos acabam por ter demasiadas semelhanças entre si.
O novo sistema de medição de audiências veio demonstrar que existem novas preferências televisivas no nosso país. Os telespetadores passaram a estar atentos à ficção da SIC e Dancin’ Days tornou-se no programa mais visto do dia. Destinos Cruzados, projeto que conta com uma dupla personagem de Alexandra Lencastre, tem perdido para a estação de Carnaxide mas, nem assim, a TVI baixa os braços.
Noutro plano, impera agora a aposta nos programas de fim de semana. Sem grandes novidades, e a mostrar um Portugal que já foi mostrado noutras emissões, a dar oportunidades aos mais diversos cantores de fazerem playback, chegam-nos formatos que nada acrescentam aos ecrãs nacionais. Aliás, a única missão que estes cumprem prende-se apenas com o facto de a nossa televisão estar ligada para não estarmos em silêncio.
A TVI de hoje é diferente daquela que se viu há 20 anos atrás. Apesar de toda a inovação, está mais pobre, está mais uniforme. Lá está, a falta de dinheiro e o comodismo faz com que não se arrisque. Tenho saudades, tenho saudades de uma novela que de facto me prendesse a atenção ou de uns desenhos animados que me captassem o interesse. Onde está isso agora?