Entrevista – Henrique Cardoso Dias : «Este projeto é assumidamente cómico»

Pouco antes da estreia de Pôr do Sol, na RTP, o Quinto Canal traz até si uma entrevista exclusiva com Henrique Cardoso Dias, autor do formato.


 


«Pôr do Sol» é escrita por Henrique Cardoso Dias, que conta com larga experiência em diversos canais e formatos. A série terá 16 episódios, que serão exibidos nas próximas três semanas.

O que «Pôr do Sol» traz de novo à tua trajetória como argumentista?

É uma coisa que já queria fazer há muito tempo, uma sátira às novelas. Encontrei duas pessoas que gostaram da ideia. Tudo começou com um telefonema do Manuel Pureza para o Rui Melo. Ligaram-me, juntámo-nos os três e fizemos um esboço do que podíamos fazer. Depois, o Roberto Pereira ajudou-me a desenvolver a história, até sair para fazer Festa é Festa.

O que te inspirou para criar esta história?

Os clichés de todas as novelas. Tudo aquilo que já é recorrente, não anedótico, mas que faz parte das narrativas das novelas. Os raptos, os assassinatos, gémeas…

O país está a atravessar um momento peculiar. Como relacionas «Pôr do Sol» com o timing atual?

Não tem nada a ver. Não se toca em nada da pandemia. Não há pandemia em novelas. É uma sátira, sem tocar no assunto.

Qual é a expectativa do feedback do público, já que é um projeto um tanto diferente daqueles que já foram feitos?

Há um feeling qualquer em todos os projetos, mas agora o meu instinto não me diz nada. Há pequenas coisas do género que já foram feitas mas nunca mais se fez algo parecido atualmente. Houve, por exemplo, o Tudo Sobre (2005), na RTP, onde fizemos um trabalho de sketches e satirizámos diversas situações.

Como encaras em termos narrativos este projeto de ficção de curta duração?

Foi um desafio interessante de se fazer: criar um arco de personagens e desconstruir. Fazer com que o arco tivesse coerência e que houvesse exagero foi um desafio que aconteceu com todos, de diversas formas. E o Manuel (Pureza) ajudou a encontrar o equilíbrio, com um pouco de salero para que a coisa resultasse. Fazer com que tudo fosse possível mas, ao mesmo tempo, haver uma certa intensidade para realçar o lado cómico. Para mim foi o desafio da coerência e da estupidez.

De que forma esta produção se diferencia dos projetos atuais que têm sido feitos na RTP em termos de ficção?

Não me lembro de nenhuma ficção assim. É um formato muito particular. É uma sátira a um formato especifico. Isto foi focar num formato televisivo, com coerência na história e nas personagens, como se fosse verdade. O mais próximo disso foi o Último a Sair (2011).

No elenco, vários atores estarão presentes simultaneamente noutras produções em exibição no horário nobre dos canais privados. De que modo se poderão diferenciar em «Pôr do Sol»?

Este projeto é assumidamente cómico. Nos outros fazem com verdade. Aqui, é com verdade e intensidade para criar o lado cómico. Faz-se com uma intensidade exagerada para haver esse equilíbrio.

Existe a possibilidade de uma nova temporada deste projeto?

Acho que sim. É algo que pode pegar se resultar. Uma novela é inesgotável, podendo se fazer uma continuidade ou especial. Vontade e capacidade não falta, material também não. É uma questão de ver como são as audiências e o interesse da RTP.


Rúben Gomes

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