Só Séries: Salvar vidas a um ritmo frenético em «The Flash»

A nova série do canal The CW chegou e já bateu recordes, considerando a expectativa em volta desta produção. A detentora do episódio mais visto de sempre do canal procura defender com “unhas e dentes” o título de série sensação. Mas será que está a cumprir a sua missão?

Criada por Greg Berlanti, Andrew Kreisberg e Geoff Johns, esta série apresenta-se como um spin-off de Arrow e tem lugar no mesmo mundo fictício. A história centra-se em Barry Allen (Grant Gustin), um analista forense comum, apaixonado por Iris West (Candice Patton), que procura secretamente pistas para a misteriosa morte da sua mãe. Ao ser atingido por um raio criado por uma explosão do acelerador de partículas que estava a ser apresentado no S.T.A.R. Labs, Allen desenvolve poderes sobre-humanos e ganha uma velocidade incrível. Após acordar do coma em que se encontrava, junta-se a Catie Snow (Danielle Panabaker), Cisco Ramon (Carlos Valdes) e Harrison Wells (Tom Cavanagh), os últimos membros do S.T.A.R. Labs, e desenvolve o super-herói Flash, ajudando o seu mentor Detetive West (Jesse L. Martin) e Eddie Thawne (Rick Cosnett) a combater o crime em Central City.

the flash

A história apresentada no episódio piloto foi de facto cativante mas não pelos motivos em que estão a pensar. Sinceramente acho que todo o dilema de ter superpoderes e querer combater o crime se torna demasiado repetitivo nos super-heróis. E a luta interna pela qual Barry passa não me emociona de facto. O que realmente me cativou foi o que aconteceu com a sua mãe. Para os menos atentos, ela foi morta numa disputa entre o Professor Zoom (descrito como o Flash reverso) e o próprio Flash quando este tinha apenas 11 anos – as suas memórias foram parcialmente apagadas depois do encontro. A questão é que nós já sabemos que Eddie Thawne é o Professor Zoom mas nada sabemos sobre a história do detetive. A par disso existe o mistério sobre alguns dos amigos próximos de Barry pois tanto Catie e Cisco também irão desenvolver superpoderes – ela será Killer Frost e ele Vibe. E até mesmo Harrison Wells esconde muitos segredos de Barry, o que demonstra um cuidado enorme em manter o suspense da série – um dos segredos é uma capa de um jornal do futuro onde, entre alusões a outras séries e super-heróis, está apresentado que The Flash vai desaparecer. E agora, como não ficar intrigada com isto tudo?

O elenco está no geral muito bom apesar de achar que o protagonista poderá dar muito mais a nível de representação. O humor e sarcasmo inerente à sua personagem está todo lá mas falta um bocado da outra parte – torna-se demasiado repetitivo nos seus discursos motivacionais. Gosto bastante do ator Tom Cavanagh, que interpreta Wells, e acho que consegue dar um ar bastante heroico à sua personagem e mesmo assim manter uma aura negra à sua volta. Consegue interpretar igualmente bem o lado bom e amigo da sua personagem, mas também o seu lado negro e misterioso. O resto do elenco consegue ter performances satisfatórias mas ainda se nota um pouco falta de rotina entre atores e alguns diálogos parecem muito mecanizados. Uma chamada de atenção para o ator que interpreta o pai de Barry pois nos anos 90 foi ele quem interpretou The Flash na série do canal CBS.

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O que me inquieta mais sobre esta série são os efeitos visuais. Aqueles que não recorrem a computadores estão muito bem aplicados. Mas os outros criados por meios informáticos ainda não conseguiram ser apresentados em conformidade. Já vi efeitos muito bons e totalmente enquadrados. Mas também já vi efeitos muito maus, péssimos até, que fazem doer a vista. Isto é mau porque não deixa a série ter boa qualidade. Ora uma série que tem como base a história de um super-herói com poderes tem que apostar fortemente na componente visual e até agora ainda não me convenceu. De resto, tanto a banda sonora como as movimentações da câmara são muito boas e dão um ar moderno à série.

The Flash chegou numa altura em que o tema “heróis” está usado e abusado. Tendo inicialmente apresentar-se como uma série mais de ação e ficção científica do que Arrow, encontra-se até agora num patamar inferior (é que ao menos Arrow tem um lado mais negro). Sei que por abordar esta temática vai ser uma série que irá durar por algumas temporadas mas creio que seria fundamental não deixar a série se tornar comum. É de facto um bom produto de entretenimento e se são fãs de comics e super-heróis vão adorar de certeza, pois esta produção está recheada de easter eggs muito interessantes. Resta ver se consegue realmente fazer justiça ao título de série sensação que lhe foi atribuída e se não desaparece num flash

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Inês Calhias

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, desde cedo adquiri um enorme interesse por séries. Tento ver um pouco de tudo e apresentar aqui no Quinto Canal o que se passa no panorama televisivo.

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