Só Séries: «Defiance»

defiance

As séries de ficção científica são sempre muito escassas em comparação com as outras categorias, mas de vez em quando lá aparece uma ou outra para regozijo dos fãs do género (nos quais me incluo). Defiance é essa nova aposta, num mercado que não facilita a existência deste tipo de produções.

Produzida pela Universal Cable Productions, numa colaboração com Trion Worlds (empresa que está encarregue de produzir o videojogo MMORPGMassively Multiplayer Online role-Playing Game- do mesmo nome que tem fortes ligações com a série), Defiance estreou este mês e é exibida na América no canal Syfy.

Os Votans, nome dado aos extraterrestres, procuram um novo planeta para habitar e ao chegar à Terra apercebem-se que esta é povoada, ao contrário das indicações que tinham. Os habitantes terrestres reagem negativamente à chegada deste povo, que ocorreu em 2013, o que vai dar início a várias guerras conhecidas como Pale Wars. As guerras, que dividiram e destruíram o planeta, só tiveram fim em 2030 aquando do evento Arkfall. Ark é o nome dado à frota de naves dos extraterrestres que estavam na órbita da terra e o evento Arkfall corresponde à explosão de grande parte dessas naves e à sua subsequente queda na Terra, que alterou profundamente a biosfera e geologia terrestre, tornando-a um planeta hostil tanto para humanos como extraterrestres. Os restos da frota Ark criaram uma cintura à volta da Terra e periodicamente caem na superfície terrestre, o que possibilita aos sobreviventes adquirir tecnologia Ark e usá-la para seu melhor proveito. Em algumas zonas da Terra, humanos e Voltans procuram conviver em paz e em cooperação e é neste cenário pós-guerra que Defiance se foca. A personagem principal é sem dúvida Nolan (Grant Bowler), um caçador de tesouros que combateu a invasão extraterrestre, que procura sobreviver neste mundo hostil juntamente com a sua filha adotiva Irisa Nyira (Stephanie Leonidas), uma Irathient (espécie de extraterrestre). Ao serem resgatados por habitantes de Defiance, antiga cidade St. Louis, deparam-se com um campo de refugiados de todas as espécies liderados por Amanda Rosewater (Julie Benz), que é auxiliada pela antiga governante Nicky Riordon (Fionnula Flanagan) e pela sua irmã Kenya (Mia Kirshner). Contudo, Defiance não é uma cidade assim tão unida pois dois dos seus benfeitores estão em constantes guerras pessoais. Por um lado Datak Tarr (Tony Curran), um Castithan (outra espécie de extraterrestre), consegue obter poder e dinheiro através de negócios ilícitos, nem sempre conhecidos pela sua mulher Stahma Tarr (Jaime Murray), também ela uma Castithan. Por outro lado Rafe MacCawley (Graham Greene), um humano, é bastante popular no seio de Defiance, pois detém a mais larga mina da zona e por conseguinte o apoio do povo trabalhador.elenco de Defiance

A história é apelativa e tem muitas variantes pelas quais se poderia reger a série. No meu entender, os produtores poderiam ter aproveitado e mostrar um pouco mais do lado de caça tesouros de Nolan. Por outro lado percebe-se a escolha de o colocarem logo em Defiance, uma vez que o nome do refúgio é o nome da série. Contudo, a história está a ser toda apresentada muito rapidamente, como se houvesse uma necessidade de a contar logo para se passar à ação. E isso é logo visível uma vez que o tratamento dado às cenas de ação é muito melhor e aperfeiçoado.

Quanto aos atores muito pouco tenho a dizer ou destacar, devido principalmente ao facto de a série ter acabado de estrear. As suas prestações são muito idênticas, um pouco mecânicas até. Bowler apresenta Nolan como um herói de guerra com algum carisma mas ainda não convence enquanto salvador de Defiance. Por outro lado Curran, habituado a papéis de mau da fita, consegue personificar Datak Tarr e transpor toda a sua malícia.

Os efeitos visuais, tão importantes numa série de ficção científica, não são nada excecionais mas também não roçam o medíocre. Como já referi, as cenas de ação são de facto as melhor trabalhadas e essas sim não deixam nada a desejar. Porém, os cenários e outros pequenos detalhes poderiam estar melhor aproveitados.

Os produtores desta série pretendem promovê-la fortemente e levá-la para fora do pequeno ecrã. Prova disso é a criação de um jogo que irá complementar certos aspetos da história e cativar o público a assistir aos episódios. Um entrave a esta política é que o jogo é pago e não tem um preço muito acessível. Das duas, uma: ou o culto criado à volta da série é de facto consistente e os aficionados e curiosos disponibilizam-se a pagar o preço do jogo, criando assim uma elite; ou os produtores disponibilizam material mais acessível de modo a chegar a mais pessoas e assim criar uma comunidade de suporte, onde normalmente reside a salvação deste tipo de séries. Não obstante, Defiance é para já uma lufada de ar fresco na programação televisiva e se as pequenas falhas forem rapidamente melhoradas, penso que poderá chegar longe.

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