Só Séries: Circo assustador em «American Horror Story: Freak Show»

Estamos perto do final do mês de outubro e o que isso significa? Pois é, Halloween! O famoso feriado americano conhecido como o Dia das Bruxas, no qual as crianças saem à rua disfarçadas para fazer o conhecido pedido – Doçe ou Travessura – a cada vizinho. Para os adultos, esta é não só uma época para por em evidência os seus melhores factos mas também para ver tudo o que é produções de terror. E que série mais apropriada para celebrar a data que American Horror Story?

Faz amanhã um ano em que publiquei a minha análise à temporada intitulada Coven e aproveitei mais uma vez a temática para falar novamente desta série de terror. Coven continuou com a excelência na qualidade de imagens e de atuações mas pecou por não incutir o dito “medo” inerente a esta produção. Pensei que Freak Show iria então fazer-me saltar da cadeira mas até agora nada me tem causado esse impacto.

american horror story freak show

A série tem lugar na pacata cidade de Jupiter, no ano de 1952, e é centrada no Freak Show, um circo dirigido Elsa Mars (Jessica Lange) que serve de casa para os seus “monstros”. É que as pessoas que trabalham com ela têm características físicas que as distinguem das outras pessoas, que por sua vez os chamam de freaks (aberrações). Numa altura em que este tipo de espetáculo é desvalorizado, Elsa procura arranjar forma de melhorar a oferta do circo ao mesmo tempo que anseia por se tornar uma diva novamente. Ao mesmo tempo que os trabalhadores do circo se tentam inserir na sociedade – o que acaba por ser impossível –, um misterioso palhaço aterroriza a população, raptando várias pessoas e matando de forma implacável.

Tal como nas temporadas anteriores, existe uma temática além do título que identifica a temporada e para este ano Ryan Murphy decidiu criar um debate sobre o preconceito no que toca à diferença. É um tema importante e os escritores conseguiram criar uma boa linha de história tendo esse como principal assunto. No fundo, o que os artistas do circo pretendem é serem aceites pela sociedade e esta luta pela aceitação dos outros está excelente. Mas AHS não é somente um drama. Falta o dito terror, presente apenas em escassos momentos em cada episódio.

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Em relação ao elenco, encabeçado por Jessica Lange, Kathy Bates e Angela Bassett, está novamente bem constituído. A prestação destas atrizes é simplesmente soberba, os seus diálogos são algo de outro mundo e existe muita qualidade na sua performance. Mas foram imensas as alterações ao elenco base da série. Taissa Farmiga saiu e deu lugar ao regresso de Naomi Grossman, como Pepper, uma das personagens mais queridas do público. Por outro lado, ao elenco juntaram-se algumas pessoas com características físicas únicas (tal como a mulher mais pequena do mundo) e os atores Finn Wittrock, Michael Chiklis e John Carroll Lynch. Este último interpreta Twisty the Clown e é na minha modesta opinião a essência da série. É por ele que ainda a vejo e é ele quem dá um significado de terror a esta produção. Vestido como um palhaço, ele não fala e tem uma máscara aterrorizadora a proteger a sua face (o que a máscara esconde foi desvendado cedo demais), e caminha nas sombras à procura da próxima vítima – ótimo para quem sofre de coulrofobia.

O que realmente admiro em American Horror Story: Freak Show são as características técnicas, entre as quais música e imagem, que estão absolutamente geniais. Todo o ambiente é pautado por uma banda sonora temática e existe uma mistura de cores que elevam imenso a fasquia da qualidade das imagens apresentadas. Os planos, o movimento da câmara, tudo é feito com um brilhantismo invulgar, tornando a experiência de visualização muito mais atrativa. Só estou de pé atrás com alguns efeitos visuais, especialmente em relação às personagens de Sarah Paulson, que interpreta as irmãs siamesas Bette e Dot, pois não conseguem manter o mesmo nível de qualidade durante todo o episódio.

Se estão à procura de uma série que mexa com vocês ao ponto de terem pesadelos, esta nova temporada não é para vocês. É certo que tem cenas nojentas e de grande impacto e que toda a panóplia de personagens freaks está muito bem conseguida. Mas o medo vem realmente de uma única personagem, um palhaço nada amigável que vos vai questionar quem é e até onde está disposto a ir. No último episódio apareceu a personagem Edward Mordrake (Wes Bentley), cuja história me deu calafrios, o que pode indicar que o terror vai preponderar futuramente… Começo é a ficar impaciente e com imensa curiosidade de ver as primeiras duas temporadas de AHS (consideradas as melhores) e sei que me vou arrepender bastante disso – medricas como sou…

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Inês Calhias

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, desde cedo adquiri um enorme interesse por séries. Tento ver um pouco de tudo e apresentar aqui no Quinto Canal o que se passa no panorama televisivo.

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