Em Foco: O regresso pouco desejado de José Sócrates a Portugal
Foi nesta semana que ficámos a saber do interesse da estação pública em oferecer a José Sócrates um programa em horário nobre no qual o antigo primeiro ministro português poderia esclarecer alguns dos assuntos mais polémicos da sua governação. Surpreendidos ficaram muitos portugueses com esta notícia, criando a partir daí um movimento que se opunha a esta aposta. Mais de 100 mil pessoas assinaram uma petição que tinha como mote o seguinte: Recusamos a presença de José Sócrates como comentador da RTP.
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A partir daqui podem retirar-se várias conclusões. A primeira em que os cidadãos não esqueceram todas as polémicas do governo de José Sócrates, culpando-o ainda pelo atual estado do país. De acordo com Constança Cunha e Sá, editora de política da TVI, a popularidade do antigo líder do PS é tão baixa que consegue ser mesmo inferior à de Pedro Passos Coelho. Por outras palavras, os portugueses preferem o atual Primeiro Ministro português a José Sócrates. Mesmo assim, é de salientar que todo este «ódio» consegue captar audiências e movimentar os públicos em televisão. Se, de facto, este projeto no primeiro canal for para a frente, não tenho dúvidas de que muitos vão ser os portugueses a não querer perder as declarações e esclarecimentos de José Sócrates. Aliás estes resultados poderão ser comprovados já nesta quarta-feira, uma vez que a estação pública irá entrevistar a figura em destaque neste Em Foco.
Vítor Gonçalves e Paulo Ferreira vão dar a cara por este especial e fazer muitas das perguntas pensadas pelos portugueses ao antigo Primeiro Ministro. Afinal, estará José Sócrates preparado para regressar às luzes da ribalta? Até que ponto a RTP estará a pensar no serviço público? Não estarão os números a sobrepor-se à qualidade de uma forma bastante visível? Nos tempos que correm, e tendo em conta a incerteza do futuro do primeiro canal, a máxima das audiências tem vindo a ganhar importância. Os talk shows da RTP estão em baixa, os noticiários perderam força, o horário nobre tem ficado bastante abaixo daquilo que se verificava há alguns anos atrás. Apenas Fernando Mendes tem conseguido honrar os resultados de O Preço Certo.
A aposta em José Sócrates para um programa semanal, mesmo que seja sem qualquer tipo de vencimento, parece acertada do ponto de vista de quem quer liderar, de quem quer ser visto. Mesmo assim, e nos tempos que correm, em que poucos são os que se encontram satisfeitos com o estado do país, não será esta “contratação” demasiado perigosa para a imagem que a RTP tem junto dos telespetadores?
Afinal, onde fica a «Marca de Confiança» dos portugueses?