Em Foco: O que esperar da televisão em 2013?
Sim, não foi em 2012 que Portugal conseguiu sair da tão falada crise económica e parece que também não será em 2013 que isso acontecerá. A televisão sofreu nos últimos doze meses com a forte quebra do investimento publicitário nacional. Foram cortados contratos de exclusividade não só com atores, mas também com apresentadores (casos de Leonor Poeiras e Iva Domingues são os mais recentes), vários programas tiveram de se despedir do público português e as grandes novidades nas grelhas de programação das generalistas não passaram, afinal, de meras repetições. A TVI voltou a apostar na Casa dos Segredos e repetiu o sucesso de A Tua Cara Não Me É Estranha durante três vezes seguidas; a SIC tentou combater os dois concursos com autênticos flops de audiências: a quinta edição do Ídolos e uma espécie de Peso Pesado misturado com um Dança Comigo – Toca a Mexer; já a RTP tentou a sua sorte com Top Chef e Com Amor se Paga, mas os resultados não surpreenderam, de todo!
Os tempos não se avizinham fáceis, mas o que acrescentará 2013 à televisão nacional? Pouco, muito pouco. Entre as novidades da ficção portuguesa, os programas de comédia que se tornam repetitivos ou os concursos que já não trazem nada de novo à programação das generalistas, conseguirá alguma aposta parar o nosso país? Duvido. As estratégias já foram delineadas e, presumo eu, apenas a Informação promete destacar-se.
Com o day time da RTP a sofrer várias alterações, nomeadamente ao nível dos apresentadores, tudo vai permanecer igual ao no que toca aos conteúdos dos talk shows do canal. Os programas que ocupam as manhãs e as tardes das generalistas precisam de uma urgente alteração, uma nova roupagem, temas mais interessantes. Chega de histórias dramáticas, de passatempos sem piada ou de convidados com uma baixa cultura que em nada nos orgulham. RTP, SIC e TVI vão continuar a perder telespetadores para a televisão por cabo devido a esta postura, a esta estratégia sem qualquer inovação.
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Ao nível dos resultados, e mesmo com as estreias da estação de Queluz de Baixo na ficção, duvido que a TVI consiga ultrapassar as novelas da SIC, ainda por mais tendo em conta que o sucesso de Dancin’ Days está para durar.
O que falta ao terceiro canal para que a sua liderança seja diária, e não apenas no horário entre as 19h00 e a 00h00, incluí dois profissionais da Media Capital. Se, por ventura, Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha aceitassem uma possível proposta de Carnaxide, não tenho dúvidas de que as posições nas audiências mudariam de vez.
Afinal, se a TVI ainda é o que é, muito o deve à dupla de Você na TV!. Mesmo com o profissionalismo e experiência de Fátima Lopes, as tardes do canal não mais foram as mesmas desde a saída de Júlia Pinheiro para a SIC. A Tarde É Sua, apesar de manter um público fiel, está demasiado colado às Tardes da Júlia. O estúdio é o mesmo, as histórias são iguais a tantas outras, etc.
Não estará na altura de, com o dinheiro que ainda existe em televisão, tentar fazer algo diferente? Não falo em investir em grandes formatos ou em ajustar os conteúdos, mas sim apostar em novas ideias que consigam captar a atenção dos telespetadores para as generalistas. Caso contrário, a fuga dos portugueses para os canais temáticos continuará a acentuar-se e, quando se chegar a um ponto insuportável, será tarde de mais.
Existem graves lacunas na televisão nacional e ao que parece nem a RTP2 se vai safar deste ciclo vicioso. A grelha de programação do segundo canal para 2013 vai centrar-se em repetições de programas e séries já emitidos pela RTP1. Até quando é que se continuará a seguir esta postura?
Enquanto telespetador, não gosto que me sirvam os restos da comida do dia anterior e, até que essa atitude não mude, cá continuarei a ver as minhas séries no computador e a acompanhar a oferta dos temáticos. Com alguma pena, claro!