Brasil Info TV: Renovar é preciso

A comparação que hoje faço surge no momento em que ambas as estações privadas apresentam as suas novas apostas na ficção nacional. Apesar de textos diferentes, as tramas são assinadas por autores já bem conhecidos do público, Tozé Martinho (Louco Amor) e Pedro Lopes (Dancin’Days).

É aqui que incide a minha opinião de mais um BrasilInfoTV, nos autores. Ao contrário do que tem ocorrido nos últimos anos no Brasil, por cá os autores de novelas são praticamente sempre os mesmos, tendo que escrever várias histórias num curto espaço de tempo. No Brasil tal não acontece devido ao vasto leque de autores existente, havendo ainda oportunidade para novos nomes se afirmarem na escrita de telenovelas.

Hoje em dia, em Portugal, são os nomes de António Barreira, Maria João Mira, Tozé Martinho, Pedro Lopes e Patrícia Müller, os que mais estão conotados à escrita de novelas, ainda que exista a Casa da Criação, onde são assinadas algumas produções da TVI. Ora, sendo sempre os mesmos autores a escrever novelas, a imaginação por vezes começa a faltar e passa a ser comum apercebermo-nos de histórias repetidas nas novas produções.

 Filipe Miguez e Izabel de Oliveira são autores de Cheias de Charme

Do outro lado do Atlântico é comum a Globo dar oportunidade a novos autores e de há alguns anos para cá isso é bem evidente. Tramas como Tempos Modernos, A Vida da Gente, Cheias de Charme ou Lado a Lado, são da autoria de novos autores que trazem uma escrita diferente, texto mais ágeis e núcleos mais realistas ou folhetinescos. Defendida pelos autores mais experientes, que supervisionam o trabalho dos novatos, esta medida permite assim à Globo uma renovação dos seus autores e possibilita a nomes já consagrados descansarem e prepararem-se melhor para as suas novas tramas, evitando assim a repetição de núcleos.

No que toca a esta questão da repetição de histórias em novelas diferentes, isso foi bem visível em Morde & Assopra e Fina Estampa, onde um filho tinha vergonha de revelar quem era a sua mãe, batalhadora e sofredora, por causa da sua profissão. Parece ter sido esta a gota de água para que a estação decidisse apostar em novos profissionais da escrita.

Por cá era importante e fundamental tal acontecer. As histórias já não prendem o telespectador como outrora e os núcleos deixam uma sensação de déjà vu. Novas pessoas a assinarem novelas, que poderiam ser mais curtas e ficar pelos 120 episódios, seria uma oportunidade para as estações encontrarem novos talentos e para o telespectador poder ver algo diferente do normal.

Numa altura em que se aposta cada vez mais na ficção poderia até haver iniciativas como o Fá-las Curtas, da RTP2, mas que tivesse em vista a descoberta de talentos da escrita novelística. No Brasil tal já aconteceu, quer na Globo quer na Record, e com grande sucesso. Por cá seria uma ideia a pensar.

Anselmo Oliveira

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