Entrevista – Margarida Conduto (Masterchef) [em vídeo]

O MasterChef Portugal terminou no passado sábado, na TVI, e marcou a televisão portuguesa. E a nossa convidada marcou parte do programa. Margarida Conduto aceitou estar em entrevista para o Quinto Canal. Foi expulsa na 11ª semana e deixou para trás um percurso elogiado por muitos. Marcou pela calma nos momentos de maior pressão. A “dama de ferro” do programa da TVI esteve connosco em Faro para uma conversa sobre o seu percurso.


O início

Nós ao longo da vida estamos sempre a aprender. Eu sou calma por natureza.

Quem é a Margarida Conduto?
Uma mulher de 51 anos, exerceu uma atividade profissional no ramo da enfermagem até há um ano atrás e tem um gosto especial pela cozinha.

Mantém sempre esse espírito de calma e tranquilidade?
O meu registo é basicamente este. Tenho alguns picos mas a normalidade é esta.

Foi sempre assim ou foi através da profissão de anos enquanto enfermeira que aprendeu a lidar com as questões de maior pressão?
Foi-se aprendendo. Nós ao longo da vida estamos sempre a aprender, não é? Eu sou calma por natureza. É claro que nos anos de maior juventude não era assim tanto. Fui aprendendo com a profissão, com a vida, com as circunstâncias e aprendemos a relativizar as coisas.

Passou a sua infância aqui no Algarve. E foi também aqui que nasceu o gosto pela cozinha.
Sim. Eu sempre tenho vivido no Algarve. Nasci uma localidade perto do mar, em Ferragudo, aos 18 anos vim para Faro. Aqui estudei e tenho ficado sempre por aqui e o gosto pela cozinha foi nascendo comigo. Via a minha mãe a cozinhar e gostava e comecei a aperfeiçoar esse gosto.

Portanto podemos dizer que a Margarida e a cozinha formam um casamento perfeito?
Sim, podemos dizer que sim.

Como eram as experiências dos seus filhos na cozinha, há uns anos atrás, na tentativa de fazer bolos?
Eram engraçadas porque como eles são muito próximos em idade tinham atividades muito em parceria. Eles sempre me viram a cozinhar e aproveitavam quando eu não estava, ou estava a dormir, e lá faziam aquela base. Mas eles sabiam como era a base dos bolos e lá saía qualquer coisa.


Masterchef

Achei aquilo [aparato televisivo no primeiro casting] imponente, lindíssimo e muito bem preparado.

No Terreiro do Paço quando se viu no meio daquelas quinhentas pessoas que corriam pelo mesmo, o que sentiu? Sentiu que era capaz de chegar onde chegou?
Eu não ia com grande expetatitva porque eram realmente quinhentas pessoas e para sairem só cinquenta eu tinha de estar, de facto, naqueles 10% que seriam eleitos. Vi o entusiasmo das pessoas, e os preparados, porque nós tivemos de levar as coisas preparadas, e não suspeitava. Tinha a consciência que podia acontecer mas que era um objetivo difícil.

Li numa entrevista anterior que quase desistiu de preencher o questionário. Até esteve para não ir ao casting. Porquê? Tinha medo de dar esse passo?
Não, não foi por medo. Comecei a preencher o questionário, mas aquilo era muito extenso e eu não tenho muita paciência. Coisas muito extensas e coisas muito exaustivas não me atraem e aquilo às tantas já eram perguntas a mais. Depois chegou a parte de ter de enviar uma fotografia. Lá consegui porque felizmente os meus filhos gostam de fotografia e tinha muitas coisas armazenadas. Depois enviei, penso que em novembro e não mais pensei no assunto. Acabei por ser chamada muito em cima da hora. Foi numa quinta-feira à noite para estar em Lisboa com um prato feito no sábado de manhã. Significaria viajar no dia a seguir, pensar no prato que pudesse viajar, mas depois por insistência da família lá acabei por ir.

Quando chegou a Lisboa, com todo o aparato televisivo, o que pensou? Já tinha tido alguma experiência em televisão?
Nunca tinha tido experiência nenhuma. Eu gosto e aprecio muito a eficácia das pessoas e o resultado das coisas. Achei aquilo imponente, lindíssimo e muito bem preparado. Aliás, eu perdi mais tempo a ver aquilo tudo do que a preparar as coisas. Mas aquilo é uma coisa imponente, mesmo.

Ao longo dos meses de gravações para o programa o que foi mais difícil? O estar longe da família ou os desafios?
Pensando antecipadamente que ia estar dois meses longe da família era impensável. Nós depois vamos vivendo e vamos ultrapassando essas etapas à medida que vão aparecendo. Claro que foi difícil, muito difícil. Eu tive algum receio antecipado pelo facto de estar com catorze pessoas que desconhecida porque mesmo com os nossos as coisas não correm 100% bem. Mas depois tudo isso foi-se diluindo. O espaço onde estavamos também era novo, com algumas limitações.

Com que regularidade podiam visitar as famílias?
Ver, nunca. Nunca podiamos ver a família

E falar ao telefone?
Falar ao telefone podiamos diariamente.

Visitaram algumas localidades de Portugal e foram mesmo ao estrangeiro, a Marrocos. Como eram os dias das gravações. Por vezes estavam mais de 8 horas em estúdio e nos exteriores a gravar.
É duro. Aquilo é duro. Além da resistência psicológica do programa, há que ter também alguma resistência física. Por vezes, eram muitas horas de gravação. Mais do que oito horas. Quando iamos para as provas de exterior saíamos muitas vezes de madrugada. Recordo-me da prova da Marinha em que saímos de casa às cinco da manhã já maquilhados e prontos. E o regresso era quando pudesse ser. Realmente é duro.

Existe também o estúdio fixo. Também eram tantas horas e era tão custoso quanto as provas de exterior?
Também eram muitas horas, mas como sabe toda essa parte da produção é um processo complicado. Não é só a filmagem em sim, é também tudo o que antecede e precede a filmagem. O tempo pior para mim eram quando estava à espera porque existem muitos tempos mortos. Quando estava na prova dava até aquela aparência de uma pessoa muito sisuda e pouco sorridente mas era porque estava concentrada nas minhas coisas, nada mais do que isso.

A ligação com os outros concorrentes era óbvia. Foram criados laços de amizade e a Margarida foi mesmo considerada a “dama de ferro” entre a equipa. Como foi evoluindo a relação com os outros concorrentes?
Pode dizer-se que “todos diferentes, todos iguais”. Eramos quinze pessoas diferentes mas não houve atritos nem nada de substancial que causasse um ambiente mau. São coisas que surgem naturalmente nas relações humanas, as pessoas vão conversando, sentimos mais empatia, mais afinidade por uns e por outros, são coisas naturais. Posso dizer que mantenho uma grande amizade com a Rosa porque partilhei o meu quarto com ela, mas não só por isso. Porque me identifiquei com ela. Mas eu por natureza também me dou bem com toda a gente.

Qual foi o momento mais difícil ao longo do programa?
Não lhe saberei responder a isso. Haviam picos.

E a prova mais dura?
A prova mais dura para mim foi a da Marinha. Porque foi no inicio, porque tudo o que executamos lá, naquele desafio concretamente, era com base nos conhecimentos que nós tinhamos, nada de adquirido no programa. Foi um contexto complicado, pela circunstância em si, pelo ambiente e pla responsabilidade de fazer comida para 120 pessoas, foi mais por aí.

Como foi cozinhar para tão ilustres figuras da televisão como Cristina Ferreira, Fátima Lopes, Mónica Jardim, Sílvia Rizzo. Sentiu uma responsabilidade acrescida?
Também, por aquelas pessoas estarem naquele local. Foi uma responsabilidade muito grande porque a expetativa é muito elevada, o nivel é muito elevado mas já foi numa altura em que já tinhamos mais traquejo e tivemos sempre a supervisão dos chefs locais que são muito exigentes.

Um dos momentos mais divertidos de todo o programa foi também com uma estrela da TVI. A prova de doces com a Leonor Poeiras em estúdio. O que estava mal naquele seu doce?
Houve qualquer coisa que não sei o que foi. Não sei o que aconteceu. As provas da caixa mistério eram as que mais gostava porque tinham os ingredientes e, bem ou mal, tinhamos de nos cingir àquilo e conseguiamos focalizar mais. Eu conseguia focalizar mais na decisão. Aquela caixa mistério curiosamente tinha imensas pontecialidade podia ter feito tudo e mais alguma coisa. Achei que tinha de usar a baunilha num creme pasteleiro que ficou ótimo. Depois fiz outro creme com ananás, natas e leite condensado e aí é que foi o desastre. Não sei o que aconteceu. É uma coisa que habitualmente faço em casa mas houve ali uma reação química que até hoje ninguém me conseguiu explicar.

Parece que a prova não correu mal só para a Margarida. Foi um mal geral.
A única coisa boa foi ter sido a última. Fui a última da desgraça. E nem tinha tido tempo de provar. O aspeto não estava mau. Mas no estúdio foi um momento engraçado.

O que acha que terá corrido mal no programa em que foi expulsa, juntamente com o Daniel? O que estava mal na receita?
Não me correu nada mal na receita, como aliás se pode ver no programa. Eu penso que o júri optou por outros parâmetros que não o do prato. O prato não correu mal, até estava bem.

Foi um longo percurso. 11 semanas de provas e desafios vários: que ensinamentos tirou desta sua participação?
Do Masterchef e da experiência em si, do ponto de vista culinário, aprendi imensas coisas, dificeis de quantificar. Em relação à vida, é mais uma experiência. Já tenho alguma experiência de vida, mas estive num meio totalmente diferente, conheci profissionais excelentes e pessoas excelentes.


 A expulsão e as relações no programa

A decisão da expulsão demorou muito tempo mas acho que acabou por ser uma saída muito bonita.

Como se gerem as emoções depois de ouvir da boca de uma das maiores figuras da televisão em Portugal que é uma das mulheres da sua vida, num momento em que também tinha de lidar com a sua expulsão?
Como se viu. Foi na altura em que fiquei um pouco mais franzida. Fiquei emocionada mais por isso. A decisão da expulsão demorou muito tempo, embora não tenha essa noção e eu acho que acabou por ser uma saída muito bonita. Fiquei com uma admiração muito grande pelo Manuel Luís Goucha. É recíproco aquilo que ele diz. Ele é um profissional impressionante.

O que disseram um ao outro assim que as câmaras se desligaram?
Nós continuamos a comunicar. Mas é nessa base dos afetos e coisas da vida. Acabámos por perceber o porquê de as pessoas gostarem umas das outras.

Lembra-se quais foram as primeiras palavras que ouviu assim que saiu pela porta do estúdio?
Foram as da família. Eu penso que a família e as pessoas que me rodeiam ficaram mais revoltadas do que eu. Foi quase ao contrário: eu é que tive de os acalmar.

Na final deste sábado notámos uma Margarida muito emocionada, principalmente no final quando se soube que era Rita a grande vencedora desta edição. O que a levou a ficar tão emocionada naquele momento?
Foi tudo. À pouco perguntava-me o que era mais difícil de gerir. A parte emocional fica um bocadinho alterada pelo ambiente, pelas pessoas, pela ausência de casa e pela convivência que nós temos com aquelas pessoas. A Rita é uma pessoa de quem eu gosto muito e fiquei muito satisfeita por ela ter ganhado. E depois era fim daquilo tudo. Foi um misto de emoções.

Manuel Luís Goucha já disse em direto que continua a receber mensagens dos concorrentes. Entre vocês não se perderam contactos?
Não, não. Nós continuamos unidos. Ainda este fim-de-semana estive num workshop com dois concorrentes, alguns já cá estiveram na minha casa e assim continuamos. Fizémos amigos para a vida

 O que se segue no futuro? Há já projetos? A cozinha segue em primeiro plano?

Sim, sim. A cozinha agora segue em primeiro lugar.

E já tem projetos em mente?
Já tenho alguma coisa a andar, mas ainda nada em concreto. Depois a seu tempo saberão.

A cozinha está consigo de manhã à noite?
Sim. Agora estou aqui preocupada porque tenho de ir fazer uma sobremesa para um jantar.

Era isso mesmo que lhe ia perguntar: se já estava a pensar no jantar…
No jantar hoje não. Por incrível que pareça hoje vou jantar a casa de uns amigos.

Portanto já começaram os convites para jantar porque houve uma altura em que isso não acontecia…
Pois, não é fácil. Mas aquela é uma amiga muito especial. Aliás, todos são especiais mas ela hoje faz anos.

Na sua cozinha já há espaço para aquele frigorífico americano de sonho?
Já tenho um maior do que esse. Esse era um sonho mais ou menos de criança, mas há muitos anos que tenho um maior.


Veja agora a entrevista em vídeo:
[youtube id=”1eU2BwJPN38″ width=”620″ height=”360″]

Agradecimentos:
Hotel Faro

Quinto Canal

https://quinto-canal.com

Lançado em abril de 2012, o Quinto Canal é um projeto online que está SEMPRE CONSIGO, nas áreas da Televisão, Cinema, Séries e Música, sem esquecer as melhores coberturas, entrevistas e rubricas exclusivas. | Site registado oficialmente na ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social

Deixe um Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *