Entrevista – João Couto: «Há um vazio na televisão portuguesa de música ao vivo»

Depois de ter vencido a quinta e última edição do Ídolos na SIC, João Couto dedicou-se ao lançamento do seu primeiro disco de originais. Entre o lançamento e a divulgação, o cantor esteve à conversa com o Quinto Canal para levarmos até si mais uma entrevista exclusiva e especial, associada aos festejos do nosso sexto aniversário.

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Para quem ainda não conhece o seu trabalho, quem é o João Couto?

O João Couto é um o rapaz do Norte que escreve canções. Tem uma enorme obsessão por música, de todos os géneros, e transporta todas essas influências para tudo o que escreve e toca. Tem um álbum cá fora que se chama Carta Aberta, que aconselha vivamente que oiçam.

Lançou recentemente o single Canção Só. Como tem sido a receção do público a esta música?

Excelente, as pessoas que já me seguem há mais tempo reconheceram a honestidade dessa canção e isso para mim vale ouro. E a resposta das rádios superou imenso as minhas expectativas. O meu objetivo quando escrevi esse tema, e todos os outros que tenho feito na verdade, era criar uma música na boa tradição pop-rock, orgânica, com uma boa melodia, uma melodia pegajosa, uma letra sincera, direta ao assunto e que sinta minha e é um orgulho ver um tema como a Canção Só  a contrastar com outros temas que tocam na rádio quase que feitos em laboratório, com produções “hollywoodescas” e a Canção Só não só não se esconde no meio desses gigantes, destaca-se e o público está aos poucos a reconhecer isso. É incrível.

E após o single, o primeiro disco de originais também já foi lançado. O que podem os fãs esperar desse trabalho?

Um álbum muito orgânico, dinâmico, direto ao assunto, que deixa todos os instrumentos respirar e dialogar e que vai buscar influências a tudo que ouvi no ano em que pré-produzi o álbum. É um reflexo musical e pessoal perfeito da fase em que escrevi as canções e recolhi reportório. É pop-rock sem pretensões, elitismos e quero acreditar que há algo que cada ouvinte pode apreciar e respeitar, mesmo que não se identifique com a minha linguagem.

Quais foram as suas principais influências para este primeiro disco?

Paul McCartney, Bruce Springsteen, Fleetwood Mac, Ben Folds, Rui Veloso, Jorge Palma, Sting entre outros.

Ser músico / cantor sempre fez parte dos seus planos de vida?

Sim, completamente. Nunca ponderei outra carreira em fase alguma da minha vida. Se não conseguisse vingar como artista nem que trabalhasse numa área ligada à produção musical, técnica de som, jornalismo musical, qualquer coisa.

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Não me deixei influenciar pela subida vertiginosa que o programa me proporcionou.

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Recuando um pouco no tempo, ficou conhecido pela sua vitória no Ídolos em 2015. Como surgiu a ideia de participar no programa?

Enviaram-me uma mensagem por Facebook a convidar-me para o pré-casting à custa dum vídeo caseiro que postei no YouTube a tocar Beatles no ukulele. Na altura quando me dirigi ao pré-casting não fui com grande expectativa mas passei para o casting que todos vêm na televisão umas boas semanas depois. Tinha lançado não há muito tempo temas originais na net e estava a tentar marcar atuações em bares sem grande sorte e achava que aproveitar uns 5 minutos de fama para embelezar os emails que mandava por aí com um casting do programa poderia render. Sem que ambicionasse ou contasse com isso o programa tornou-se numa montanha-russa alucinante e teve o último desfecho que estava a contar mas estou grato pela experiência.

Como mudou a sua vida, após a vitória do Ídolos?

Pude-me dar ao luxo de após terminar os estudos dedicar-me a 100% à música. Tinha mais um ano de licenciatura pela frente quando o Ídolos acabou e então fiz o que tinha a fazer, fiz um refresh à cabeça daquela experiência surreal e dediquei-me a escrever, tocar e gravar maquetes para ver se conseguia construir uma obra da qual me orgulhasse. Não me sentia artista de singles ou de canções avulso, queria ter uma carreira longa e para isso tinha que mostrar trabalho e assim o fiz. De resto foi uma transição super tranquila, sou uma pessoa pacata e pouco deslumbrada por isso não me deixei influenciar pela subida vertiginosa que o programa me proporcionou.

Tem algum conselho que queira dar para quem quer seguir o mundo da música?

Ouvir muita, muita música. É imperdoável, na minha perspectiva, um artista ou compositor não ser um consumidor ávido de música, e da minha experiência pessoal ouvir muita música e diversa tornou-me um artista seguro e mais criativo porque sei até onde posso levar as minhas ideias porque tenho bons exemplos a seguir, e cada um tem que encontrar os seus à sua maneira. Aprender piano é um super poder que nem imaginam, se querem escrever canções aprendam a desenvencilhar-se ao piano e quando virem os resultados agradeçam-me depois. Por fim mentalizem-se que cada artista é uma exceção à regra, e isso é fantástico, temos que fazer por nós.

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Há um vazio escandaloso na televisão portuguesa de música ao vivo.

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Passando da música para a televisão, costuma acompanhar algum programa televisivo em especial?

Grande parte dos programas de TV que vejo são pela internet, mas de vez em quando vou acompanhando uma coisa ou outra. Por exemplo, não sendo grande aficionado de séries, acompanho a par e passo o Atlanta do Donald Glover que é das comédias televisivas mais geniais de sempre. Tanto quanto eu sei não dá em nenhum canal da TV portuguesa ou por cabo, infelizmente. Vi também o 1986 do Nuno Markl de fio a pavio e adorei, acho que séries como aquela, com coração, sem melodramas “telenovelescos”, são o caminho certo a seguir na televisão em Portugal (e a banda sonora é fantástica, já agora).

Acredita que em televisão poderia haver um maior destaque dado ao mundo da música?

Sim, mil vezes sim. Há um vazio escandaloso na televisão portuguesa de música ao vivo, boa música ao vivo. Há poucos programas que se predispõem a bandas ao vivo. Devíamos aprender a lição de programas como o Later with Jools Holland da BBC ou até o Tonight Show do Jimmy Fallon. Falta de artistas e qualidade na oferta musical não é um problema por isso resta fazer essa aposta e criar bons formatos.

Se pudesse, alterava algum detalhe no atual panorama televisivo?

Mais música na televisão portuguesa, música ao vivo especialmente. E mais séries originais e novos conteúdos. Há grande potencial na nova geração, apostem nela.

O que podem os fãs esperar do João Couto em 2018, além deste novo disco?

Que toque o disco um pouco por todo o lado. Tenho uma excelente banda comigo, por isso quanto mais não seja para testemunhar esses senhores em ação apareçam que vai valer a pena. Depois vou aproveitar todas as pausas de promoção e estrada para continuar a recolher ideias e melodias para um futuro trabalho, e quem sabe, trabalhar com mais alguns nomes com quem sempre quis trabalhar, veremos… Um dia de cada vez.

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