«Os ingredientes para o Sucesso» (Artigo de Opinião sobre MasterChef Portugal)
A TVI há muito que busca uma receita para ver os seus números subirem no que toca à ficção nacional de segunda à sexta. Essa tarefa parece estar complicada para a estação de Queluz de Baixo mas, pelo menos, as noites de sábado e domingo pertencem ao quarto canal.
Com a nova aposta no formato australiano MasterChef, que já teve uma edição na RTP1, o canal veio estabilizar a liderança aos sábados à noite. Mas nem sempre um bom programa é sinal de bons resultados audiométricos … neste caso a exceção parece verificar-se.[divider]
Quando chegou à RTP, o programa apresentado por Sílvia Alberto passou um pouco despercebido no panorama televisivo da altura.
Agora, e muito devido à promoção feita pela estação privada, o efeito MasterChef parece ter-se instalando um pouco por todas as faixas etárias. Desde público que vem arrastado para ver Manuel Luís Goucha num papel mais sério, até grandes massas que assistem ao formato original pretendendo compará-lo com a adaptação, de tudo se pode encontrar.
O que é certo é que MasterChef Portugal conseguiu agarrar as pessoas utilizando os ingredientes corretos e dando um toque próprio ao prato que agora nos apresenta todos os sábados.
Neste programa, e ao mesmo estilo do formato original, não há um apresentador. Os jurados assumem esse papel, apesar de se notar, como é certo, um maior à vontade de Manuel Luís Goucha na apresentação dos desafios e concorrentes.
Este é, de certo modo, aquele que mais empatia consegue criar com os espectadores. Mesmo tentando afastar-se do seu papel descontraído no programa Você na TV e dando um ar mais “mauzão”, Manuel Luís Goucha não consegue ser uma pessoa crua de sentimentos, demonstrando muitas vezes o seu lado afetuoso. Esta faceta traz mais proximidade dos espectadores contribuindo a que estes puxem pelo seu lado mais humano enquanto observam a avaliação dos concorrentes.
Contrariamente a este existe o chef Miguel Rocha Vieira que, apesar de ser o mais novo dos três, assume uma postura demasiado rígida onde não há direito a falhas. Esta “personagem” criada pelo jurado faz com que haja o despertar de dois sentimentos completamente opostos, no público – Ou se gosta ou se odeia. Algo que, de certa forma, vai funcionar muito bem neste tipo de programas onde a pressão e os nervos levam o público a viver muito daquilo que os concorrentes vivem.
Finalmente, e não menos importante, encontra-se o chef Rui Paula. Um homem que demonstra muitos conhecimentos no que toca ao mundo da cozinha e que, no meu entender, vive tanto aquele desafio como os concorrentes que por lá passam. Isso pôde ser visto no desafio da base militar do Alfeite, onde o jurado parecia fazer parte do grupo de participantes chegando mesmo a perder a compostura nos momentos de maior pressão face aos pratos por realizar.
O lote de concorrentes é também de extrema qualidade e pode ser vista já uma forte união que os torna mais difícil a tarefa de eleger o novo MasterChef. Se não fossem estes homens e mulheres não existiria programa nem o formato teria o sucesso que parece vir a conquistar.
Porém, esse sucesso não seria visível se não fosse o investimento feito nos cenários, nas escolhas dos desafios, enfim … em tudo. Portugal pode dar-se ao luxo de ter uma grande adaptação do MasterChef que não fica em nada atrás do original australiano.
O MasterChef vive de emoções, afetos, experiências, conhecimentos. Estes são os verdadeiros ingredientes para um programa de sucesso e que, esperemos, se mantenha nos próximos que venham a surgir.
MasterChef Portugal vai para o ar aos sábados às 21h30 na TVI.