Só Séries: «Orphan Black»

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Eu sou fã assumida de séries de ficção científica, como possivelmente já se aperceberam disso, e gosto de estar ao corrente do que vai aparecendo na televisão. Continnum e Defiance são agora os nomes mais sonantes nesta categoria mas hoje apresento um outro que merece alguma atenção: Orphan Black.

Desenvolvida pelo canal Space do Canadá, a série foi criada pela Temple Street Productions numa coprodução com o canal BBC America. A produção estreou em Março deste ano e tem dado o que falar pois apresenta um estilo diferente de ficção-científica.

A história incide em Sarah Manning (Tatiana Maslany), uma órfã que desde cedo se habitou às regras da rua e tornou-se numa mulher forte e independente. Procurando reaproximar-se da filha Kira (Skyler Wexler), que deixou ao cuidado de Mrs. S. (Maria Doyle Kennedy), Sarah tem que se afastar do problemático namorado Vic (Michael Mando) e para isso conta com a ajuda do seu melhor amigo Felix (Jordan Gavaris). Sarah encontra uma maneira de sair da atenção de Vic e de dar estabilidade à filha quando assiste ao suicídio de uma mulher estranhamente muito parecida com ela. Mas aquilo que teria sido a fuga perfeita, pois Sarah assumira a identidade dessa mulher com o intuito de ficar com o dinheiro que a mesma tinha, torna-se o seu pior pesadelo. Elizabeth “Beth” Childs, a mulher que se suicidou, era polícia e estava no meio de uma investigação criminal. Sarah vê-se assim no centro de muita atenção e incapaz de concretizar o seu plano. Tudo piora quando Sarah sofre várias tentativas de assassinato, acabando por descobrir que ela e Beth são clones. Mas não são as únicas. Numa demanda à procura de respostas, Sarah descobre que existem mais como ela e que alguém as anda a assassinar.

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A premissa é bastante interessante e abre todo um mundo de possibilidades necessárias para entreter o espectador. Torna-se quase uma ficção científica novelesca pois nunca se sabe o que vai acontecer a seguir, não se sabe em quem confiar e todos os episódios têm twists bastante empolgantes. O fator ficção científica está presente na série numa perspetiva da utilização do tema clonagem porque são poucas as evidências que façam uma associação mais imediata.

Em relação ao elenco, quase todos os atores interpretam os seus papéis de uma maneira coerente, mantendo a fluidez dos diálogos e boa química da equipa. Porém, tenho que destacar Tatiana Maslany e Jordan Gavaris. A protagonista faz um papel genial no que toca a interpretar todos os clones da sua personagem. Além de Sarah e Beth, a atriz tem que representar também Alison, Cosima, Helena, e Katja, até ao momento. E fá-lo de uma maneira irrepreensível pois apodera-se de todas as características individuais das personagens e personifica-as muito bem. Para tal, a protagonista criou várias playlists musicais, de acordo com o estilo de cada personagem, que ouvia antes de começar a representá-las. Por seu lado, Jordan Gavaris faz um ótimo trabalho representando o irreverente e sarcástico Felix, proporcionando momentos divertidos.

Os efeitos visuais utilizados na série apesar de serem simples e pouco utilizados, estão muito bem apresentados e aproveitados. Um dos desafios imediatos prende-se com a utilização de uma única pessoa representar várias personagens em contextos muitas vezes de conversação presencial. Para a criação das cenas entre as clones, as câmaras foram colocadas em carrinhos que copiam o movimento, permitindo assim uma maior ação nas cenas em que Tatiana tem que interagir com ela própria. E o resultado é bastante aprazível pois nota-se o cuidado tomado na edição das cenas, que não se assemelham a montagens.

A música é um dos elementos fulcrais para manter o suspense das cenas e dar um tom mais dramático à ação. Constituída a bases de música instrumental, alguns acordes são o suficiente para transmitir ao espetador toda a essência das cenas.

Orphan Black não corresponde no seu todo ao género de ficção científica mas aproxima-se bastante da categoria e tem algo que muitas produções deste género não têm: uma forte componente emocional. E o seu sucesso já deu frutos pois no início deste mês foi anunciada a segunda temporada. Resta esperar que a série continue tão empolgante e interessante.

Inês Calhias

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, desde cedo adquiri um enorme interesse por séries. Tento ver um pouco de tudo e apresentar aqui no Quinto Canal o que se passa no panorama televisivo.

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