O panorama televisivo americano é imensamente vasto e apesar de elevar a fasquia e a concorrência ao mais alto nível, permite também uma maior versatilidade e procura de temas diferentes para se criar séries de televisão. Na minha opinião, o canal Showtime é exímio na sua missão de transmitir a realidade ao espectador e de proporcionar produtos de entretenimento que mesmo sendo ficcionais, promovem uma certa proximidade. Dexter, Californication e Shameless são apenas alguns dos nomes que foram marcando a história do canal. A série que vos trago esta semana é a mais recente aposta e que tem tido muito sucesso.
Masters of Sex é uma adaptação da obra não ficcional de Thomas Maier – Masters of Sex: The Life and Times of William Masters and Virginia Johnson, the Couple Who Taught America How to Love – e conta a história de William Masters (Michael Sheen) e Virginia Johnson (Lizzy Caplan). Estes dois cientistas realizaram nos anos 50 várias experiências e estudos sobre o comportamento sexual humano, o que revolucionou não só a época mas também permitiu desmistificar muitos pré-conceitos sobre o sexo. Ausente do seu casamento com Libby (Caitlin Fitzgerald), William vive absorvido no trabalho e descobre em Virginia a parceira ideal para levar a cabo os seus estudos. Mas a relação deles vai sofrer fortes mudanças à medida que procuram desvendar os mistérios do sexo.
Não conheço a obra original pelo que não me posso debater sobre a veracidade da trama da série. Para os menos atentos, William Masters e Virginia Johnson foram os pioneiros num tipo de investigação que permanecia tabu e possivelmente grande parte do conhecimento que hoje se tem sobre o assunto deve-se ao trabalho arrojado dos cientistas. A par desta importância histórica na ciência, a série aborda bastante bem a realidade e contexto dos anos 50. Os figurinos estão bem utilizados e todos os adereços (desde locais, carros, acessórios, etc.) estão presentes e marcam a diferença. A procura também de banda sonora da época é um ponto a favor dos criadores da série que recriam e bem a América da altura.
O elenco está bem composto e as prestações dos atores são equilibradas e consistentes. Michael Sheen faz um papel cativante mas a grande presença é mesmo Lizzy Caplan, que rouba todas as cenas com a sua magnífica interpretação. Gosto bastante da química da dupla de protagonistas, que aliada a um bom texto e a boas prestações dos colegas resultam numa experiência agradável para o espectador.
Onde esta série se destaca, e só poderia ser considerando o canal onde é exibida, é a sua falta de tabus. O tema em si já é provocativo o suficiente para uma audiência que zela pela pureza das imagens e que condena cenas de sexo mas não de violência. A par do tema, as cenas utilizadas são um forte motivo para os responsáveis da produção terem à sua porta os representantes daquelas associações “puritanas”. Isto porque se é uma série de sexo, os criadores decidiram efetivamente mostrar cenas de sexo. Não é nada pornográfico nem é nada que a Showtime já não tenha mostrado nas suas outras séries. Existe aliás todo um cuidado artístico para mostrar as cenas de nudez e de sexo, que se enquadram na perfeição com toda a dinâmica da série. E aquilo que se poderia tornar constrangedor de ver na televisão, torna-se parte da história que os criadores estão a querer contar.
Se gostam de dramas históricos e desvendar um pouco mais sobre um dos estudos mais importantes para o conhecimento humano, aconselho vivamente Masters of Sex. A sua renovação para uma segunda temporada em 2014 é seguramente uma prova que o objetivo está a ser cumprido e que o público aceitou bem.
