Só Séries: Como fugir à justiça em «How to Get Away With Murder»
Já conhecem os hashtag #TGIT? Se são fãs assíduos de séries de certeza que já se cruzaram com este conceito e tal como eu ficaram curiosos sobre o que seria. #ThankGodItsThursday é a propaganda criada pelo canal ABC para promover suas noites de quinta-feira. Shonda Rimes é a protagonista deste dia, posteriormente dominado por Scandal e Grey’s Anatomy. A estes sucessos junta-se agora How to Get Away With Murder e sem dúvida, as quintas pertencem totalmente à produtora.
A série criada por Peter Nowalk centra-se na vida de Annalise Keating (Viola Davis), uma professora de Direito Criminal numa universidade em Philadelphia, e que detém uma empresa própria de advocacia ao mesmo tempo. How To Get Away With Murder é o nome que a própria dá à cadeira que leciona e a partir da qual escolhe um grupo de alunos para a acompanharem nos seus casos. O grupo é composto por Wes Gibbins (Alfred Enoch), Connor Walsh (Jack Falahee), Michaela Pratt (Aja Naomi King), Asher Millstone (Matt McGorry) e Laurel Castillo (Karla Souza), e eles vão estar em competição entre si para receberem o importante prémio final.
Tal como é costume neste tipo de séries, cada episódio apresenta uma história nova, um crime novo por resolver, custe o que custar. No entanto, duas outras histórias ocorrem no pano de fundo e cujos pormenores vão-nos sendo apresentados a pouco e pouco. É através dos noticiários apresentados que vamos ficando a par da misteriosa morte de uma aluna, que cada vez mais se torna numa peça fundamental deste puzzle. Por outro lado, são apresentados flashforwards ocasionais que mostram o grupo de estudantes da professora Keating a esconderem um assassinato. Primeiro fizeram-nos pensar que eles teriam morto a professora (não é ela). Depois, fizeram-nos pensar que seria ela quem estariam a proteger (e qual não foi a minha surpresa quando percebi que também não era ela). E se isto não bastasse para criar muita expectativa, os protagonistas apresentam-se como personagens complexas e cheias de segredos, o que torna a história ainda mais interessante. E é com esta dose de suspense que ficamos presos ao ecrã a tentar perceber o que vai acontecer a seguir.
Mais uma vez, uma série da Shonda prima pelo elenco que apresenta. Novamente, uma produção sua é protagonizada por uma mulher assertiva, dona de si e das suas ideias. Viola Davis foi a escolha excelente para este papel e a sua atuação até agora tem sido fenomenal (sim posso parecer demasiado fã mas esta senhora faz-me tremer com o seu olhar mortífero). Tem nas suas costas o peso do sucesso da série e pelo que se viu até agora não vai desiludir garanto-vos (se eu fosse advogada e tivesse que competir contra esta senhora em tribunal, acho que nem sequer aparecia). O resto do elenco está bem escolhido e os papéis assentaram que nem uma luva nos atores. O elenco tem bastante química e os diálogos são feitos de forma fluente, o que aumenta muito a fasquia para o futuro.
Gosto bastante dos enquadramentos da série e dos vários ângulos que vão sendo apresentados, dando muitas vezes uma ideia de movimento mesmo quando este não existe na cena. Existem planos brilhantes e tão subtis que mostram as qualidades de quem está por detrás da câmara. A iluminação e o cenário têm sido muito bem aproveitados e a excelente direção da série faz esta subir uns quantos patamares.
O ponto menos positivo da série, e que mais críticas tem sofrido, é o facto de apresentar um mundo da advocacia que não é real. Eu não o conheço logo não posso defender com unhas a dentes o que dizem, mas acredito que muitas das cenas apresentadas não tenham qualquer cabimento na vida real. O facto de a professora dar a conhecer os seus casos aos seus alunos (violando o contrato de privacidade) e de os levar para a sala do tribunal são situações que eu tenho o senso comum de não achar plausíveis. Mas não se pode esquecer uma coisa importante: isto é uma série. É suposto entreter, abstrair o espectador da realidade que o envolve e nisto How To Get Away With Murder é excelente.
A fasquia está de tal forma elevada que temo que esta produção se perca pelo caminho. Conhecendo os sucessos de Shonda Rimes duvido que essa situação ocorra, mas o futuro é sempre incerto. Contudo, o sucesso de audiências dos dois primeiros episódios só vem provar a importância que Shonda tem no panorama atual. Dona de uma forma de entretimento único, ela consegue criar histórias que se aproximam dos espectadores e consegue cativar com enredos misteriosos. A par disso, o excelente elenco tem sido sempre um facto preponderante para o contínuo sucesso das suas produções. Uma coisa é certa: How To Get Away With Murder veio para ficar e se ainda não se deixaram contagiar não sabem o que estão a perder.
Nunca mais é quinta 🙁
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