O futuro da RTP é um assunto polémico. Desde que a possibilidade da privatização do canal do Estado foi colocada em cima da mesa, muitas foram as vozes que contestaram. Não, não foram só os apresentadores, atores ou jornalistas, mas também os próprios responsáveis pelos canais concorrentes a manifestar-se. Afinal, caso a RTP1 fosse privatizada, a fatia de publicidade a dividir pelas três principais estações de televisão seria menor.

Por outro lado, e de acordo com Francisco Pinto Balsemão, o próprio valor do jornalismo em Portugal seria colocado em causa. «[A privatização da RTP] vai pôr em causa o funcionamento da democracia e acabar com o que existe de jornalismo líder e independente ou limitar as condições do seu exercício», explicou à edição número 198 da Notícias TV.

Já Pais do Amaral preferia referir-se na altura à perda da qualidade dos conteúdos que são produzidos em televisão. Com a quebra do investimento publicidade, verifica-se uma diminuição da capacidade dos canais em apostar em novos programas e ideias que consigam captar a atenção do público. Não são apenas os profissionais que trabalham na «caixinha mágica» que ficam prejudicados:  os telespetadores também saem lesados. «[A privatização] vai dividir ainda mais o investimento publicitário e limitar os orçamentos das televisões, fazendo baixar a qualidade dos conteúdos, tornando as coisas mais complicadas para o setor», explicou o presidente não-executivo da Media Capital ao jornal Económico.

Passados 365 dias qual é, afinal, o futuro dos dois canais do Estado? Depois de Jorge Wemans se ter demitido do cargo de diretor da RTP2, a resposta à pergunta colocada ainda está para chegar. Em agosto passado, António Borges, consultor do Governo para as privatizações, confirmou a Judite de Sousa, no Jornal das 8 da TVI, que «existe de facto a possibilidade de a RTP ser concessionada em vez de vendida» e que «provavelmente a RTP2 vai fechar porque é um serviço caro para a audiência que tem».

As propostas à referida concessão ainda estão a ser estudadas e, caso esta aconteça, o Estado deverá arrecadar entre 60 a 100 milhoes de euros.

Será que o público aceitará tal alteração na estrutura da estação pública? Um ano passou, e continuamos à espera de respostas. Na altura os interessados na privatização do primeiro canal eram desconhecidos. «O modelo [de privatização da RTP] não nos interessa e nem sequer vou comer», explicou o presidente executivo da PT, Zeinal Bava.

O que podemos esperar deste futuro?

Diogo Santos

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Marketing e Publicidade. Tenho uma grave obsessão por audiências desde os meus 14 anos. Espanta-se quem me ouve dizer que praticamente não vejo televisão. No entanto, basta fazerem-me uma pergunta sobre esta categoria, e a resposta surge em segundos. Querem testar? ;)

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