Especial Só Séries: 2º Manga e Comic Event em Faro
O Quinto Canal marcou presença no 2º Manga e Comic Event, realizado este fim-de-semana (24 e 25) em Faro. Fruto de várias iniciativas do Núcleo de Geeks do Algarve, encabeçado por Jennifer Guerreiro e Fábio Neves, este evento pretende aproximar-se de outros eventos relacionados com Manga/Anime e Comics que se realizam não só em Portugal (mais na zona de Lisboa e Porto) mas também em outros países.
Como fã de Anime e Comics que sou, tenho que confessar que é extremamente do meu agrado que este tipo de eventos ocorra no sul do país, onde resido atualmente. Acho importante que haja uma descentralização de eventos e que mais zonas do país possam ter acesso a este tipo de iniciativas. Apesar das inúmeras dificuldades que é produzir algo fora das grandes cidades, é de louvar a determinação e empenho que este núcleo tem tido nos últimos tempos para que o Algarve seja também um ponto de referência neste assunto.
A 2ª edição deste evento tinha logo à partida um enorme ponto a favor em relação à edição do ano passado pois teve lugar num espaço maior e melhor localizado, o que proporcionou a entrada de outras pessoas que não estavam informadas sobre o evento. Este novo espaço permitiu melhorar muitos outros aspetos, que vão desde melhor distribuição das bancas, uma maior sala para os torneios de Magic The Gathering, melhores condições para a realização dos workshops e um salão onde se realizaram não só os debates e alguns shows mas onde principalmente existiu o maior convívio entre os participantes do evento.
Um dos aspetos que mais me agradou neste evento é a facilidade de comunicação e interação que existe entre o pessoal que está nas bancas e o público. Mal cheguei tive logo contato com Mário Cunha, da Clone TV – Star Wars Portuguese VideoCast, que tinha na sua banca uma coleção de artigos da saga Star Wars (que, para quem não me conhece, é uma das minhas sagas favoritas). Em conversa, Mário disse-me que era uma coleção pessoal que fazia há algum tempo, comprando artigos pela net (lojas nacionais e internacionais) e em feiras. Fiquei a conhecer também um pouco mais da Clone TV, canal de um grupo de apaixonados pelo mundo de A Guerra das Estrelas, que está no ar desde Janeiro de 2012 e que é um projeto inovador no país.
Mais à frente, deparei-me com um grande expositor totalmente dedicado ao Dragon Ball mas infelizmente não pude adquirir nada. Este expositor era a coleção pessoal de Lívia Borges, uma senhora muito simpática, que estava também a promover os seus fanfics (histórias de ficção criadas pelos fãs) de Dragon Ball, escritos sob um pseudónimo, e os trabalhos de MayaBriefs , que não estava presente. Alguns dos artigos em mostra foram trazidos do Japão pela própria Lívia, que faz coleção desde 1992/1993 (ainda eu era uma criancinha).
Além das bancas onde estavam expostos alguns trabalhos de desenho, que mostram o talento dos seus artistas (Tradiami Creations, Sara Sheepy, Kyara Creations, Bruno Rola, Ana Sofia Cross Keane) existiam também bancas de lojas cujos artigos são criações próprias, como a Black Butterfly, Gothic Chic, Delicatessen, Cati Art Shop, Coisas de Rei, JM Sakura Works e Baunilha Cor de Rosa. Apesar de ter admirado os trabalhos criados, admito que onde me perdi foi nas bancas das lojas oficiais. As bancas da PT Merch, da Casa da BD, da King Pin Books, da Neko e da loja espanhola Sakura’s WorkShop foram as que mais cativaram o público presente, eu inclusive.
Lá podia-se encontrar muitos artigos oficiais não só de anime e mangas (como Bleach, One Piece, Naruto, Fairy Tale, Dragon Ball, Death Note, entre outros) como também de algumas produções americanas (The Simpsons, Family Guy, Star Wars) e de videojogos (Pacman, The Legend of Zelda, Assassin’s Creed, Pokémon, Super Mario). Em conversa com os representantes da PT Merch, que estiveram presentes nas duas edições do evento, consegui perceber um pouco melhor como funciona o seu sistema de encomendas e algumas dificuldades que têm que ultrapassar em relação ao tempo de espera para que um produto chegue à sua loja. Além de fazerem encomendas online, têm também uma loja em Queluz onde os interessados poderão adquirir os produtos mais rapidamente. Destacaram também a importância que os preços praticados pela sua loja têm, uma vez que num contexto europeu até são bastante acessíveis. O problema é que o poder de compra dos portugueses não permite que haja uma maior venda destes artigos, em comparação com o de outros países. Com um público muito vasto, só o futuro dirá se a PT Merch abrirá uma sucursal no Algarve. Por seu lado, a loja Neko, estreante no evento algarvio, procurou promover um pouco dos produtos da sua loja, com cerca de 8 meses de existência. Sandra Patrício, uma das representantes da loja localizada no Seixal, contou-me que além de terem os artigos de merchandising de vários animes e mangas, procuraram aumentar o espaço da sua loja para que pudesse também servir como sítio de convívio para os fãs do género.
Continuando a minha viagem pelo local do evento, deparei-me com a sala dedicada aos videojogos, ao invés da cave do ano anterior. Com um maior número de consolas (Sega Saturn, Xbox, PlayStation 2, Nintendo 64, Dreamcast e Game Cube), foi aqui que muitos dos visitantes passaram o seu tempo, descontraindo e redescobrindo alguns jogos mais antigos como o Streets of Rage (que é o pagode para quem está mais interessado em se divertir do que jogar). Eu própria me perdi um pouco no Super Mario Strikers, uma mistura de Fifa Street com Super Mario, onde derrotei por várias vezes a minha colega Sílvia, que tem a seu cargo a secção de videojogos do Quinto Canal.
A par dos workshops (sushi, manga, cosplay, ilustração digital, caracterização, japonês, props e gunpla), os visitantes puderam também participar nas várias atividades dentro do salão. Além de karaoke e tertúlias, houve também um Burlesque Show e um concurso de cosplay. O Burlesque Show foi apresentado pela performer Red Sarah que nos presenteou com uma Betty Boop muito sensual e divertida. Em relação aos cosplayers, muitos não são do Algarve, o que levou a que grande parte apenas tivesse ido no primeiro dia.
Tive ainda o privilégio de conseguir falar com Jennifer Guerreiro, presidente do Núcleo de Geeks, que esteve sempre muito atarefada na organização do evento, garantindo que estava sempre tudo a correr conforme o planeado. O número de visitantes nesta edição aumentou bastante pois na edição anterior durante os dois dias tinham entre 400 a 500 visitantes. Este ano, e só no primeiro dia, esse número foi ultrapassado. O espaço foi apontado por Jennifer como a principal diferença entre as duas edições assim como o fato de ter havido muitas pessoas receosas no primeiro ano do evento, de que este fosse muito amador.
Em relação aos patrocínios, estes foram oriundos principalmente de Lisboa e das lojas que marcaram presença com as suas bancas. Sem qualquer ajuda por parte de empresas locais, que nem sequer responderam ao seu pedido de patrocínio, um dos grandes desafios de Jennifer foi arranjar casa para as pessoas das bancas, considerando que quase todas estão localizadas de Lisboa para cima. “Estamos a pensar para o ano, agora com o dinheiro que nós conseguirmos, de criar mesmo uma associação oficial que acaba por ser mais fácil para ter patrocínios e para a Câmara nos ajudar, porque esta não nos apoia”.
Tendo começado com um grupo reduzido, o Núcleo de Geeks está em crescimento e teve uma enorme adesão de voluntários que se propuseram para ajudar na produção do evento. O que Jennifer pretende é mesmo trazer um pouco mais do público cosplayer de outras zonas de Portugal para o Algarve, de modo a que também se comece a mudar um pouco a mentalidade e se aceite mais a existência deste tipo de eventos. Em relação ao futuro, Jennifer confessou que ainda não sabe se existirá uma terceira edição do evento, pois irá depender não só da repercussão do evento deste ano assim como da possibilidade de mais ajudas e dos compromissos pessoais dos membros do clube.
Tenho que confessar que poder estar presente nos dois dias do evento foi uma experiência muito enriquecedora. Conheci novas pessoas, novas realidades e pude discutir vários assuntos que são do meu agrado e que não o conseguirei fazer noutro meio. Lamento imenso ter assistido a cenas deploráveis na rua de pessoas que não entendem o conceito de cosplay e que consideram isso como um simples mascarar, gozando inclusive por onde passavam. É realmente importante que estes eventos ocorram, não só em Lisboa e no Porto, mas principalmente em Faro onde a cultura japonesa não tem uma presença tão forte. Espero sinceramente que para o ano exista uma nova edição e que possa novamente visitar pois o Manga e Comic Event vai além de um espaço de venda de artigos: é um espaço de convívio onde se trocam experiências e se implementa o gosto por uma cultura distinta.
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Obrigada !!