Em Foco: 20 anos de televisão privada em Portugal
6 de outubro de 1992. Depois de um monopólio da RTP no mercado televisivo, a SIC veio mudar o panorama do audiovisual português. No início chegou franzina, mas rapidamente se ergueu para mostrar o que de melhor se podia fazer no pequeno ecrã.
Passados 20 anos pergunto: porque motivo nos recordamos apenas daquilo que foi feito no passado? Séries como Médico de Família, A minha Família é uma Animação, Rex, O Cão Polícia, ou programas de entretenimento, nomeadamente Dá-lhe Gás, SIC 10 Horas, Cantigas da Rua ou Chuva de Estrelas, conseguem arrepiar-nos mal vejamos algumas imagens e músicas dos mesmos.
Será que desde meados da década de 2000 se perdeu qualidade na produção? É estranho como nos referimos tanto ao passado como o grande apogeu da televisão generalista nas nossas vidas, enquanto que quando queremos falar da atualidade o pequeno ecrã perde rapidamente a magia que sempre o caracterizou. Casa dos Segredos? Toca a Mexer? Top Chef? Quem se vai lembrar destes conteúdos daqui a dez anos? Bom, é verdade que, tal como o Big Brother, a versão portuguesa de Secret Story possa ser recordada, mas será pelo conteúdo apresentado ou pela polémica criada?
Uma grande confusão se gera em torno de todos nós. A comemoração dos 20 anos do início da televisão privada em Portugal serve para assinalar o presente ou o passado? Vejo poucos motivos para comemorar a atualidade da «caixinha mágica».
A ficção impera no horário nobre, seja portuguesa ou brasileira, os formatos tendem a repetir-se e a assemelhar-se a tantos outros, os talk shows continuam a explorar as histórias que têm por objetivo levar as lágrimas aos telespetadores. Salvam-se alguns programas de informação que, ao contrário dos noticiários que não conseguem transmitir uma boa notícia aos portugueses, dão a conhecer realidades a que de outra forma não teríamos acesso.
Falta de dinheiro? Crise? Sem dúvida que a produção tem sido afetada pela diminuição do investimento das marcas nos spots publicitários em televisão. No entanto, essa «desculpa» não pode ser utilizada para tudo. Se existem verbas para lançar reality shows, então também deveriam existir para estrear outro tipo de programas com alguma qualidade.
Chega de tomar o telespetador por tolo. Meu Amor, Louco Amor, Tudo por Amor: amor de mais! Novelas sem fim, «choradinhos» atrás, más notícias a partir das 20h00. E se, de um momento para o outro, alguém reinventasse a televisão?
Já está na altura!