Espetáculo será a estreia em nome próprio na icónica sala da cidade do Porto e marcará uma pausa prolongada no projeto a solo do cantautor.
O lugar que David Bruno construiu a pulso no mapa da música portuguesa não existia. Era um descampado, perdido algures entre o subúrbio mais lúdico do rap tuga, os arrabaldes indie da nossa pop e, talvez, um bairro popular qualquer que o gosto dominante nunca tinha realmente frequentado. Aí, por entre evocações de empresários da espécie Pato-bravo (espécie em vias de expansão), gunas armados em Fangios ao volante dos seus Opel Tigra,Chicos-Espertos e sedutores, David Bruno fez-se personagem maior do que a vida, colocou Gaia no mapa e lançou alguns dos discos mais delirantemente imaginativos que a rádio tocou nos últimos anos. Até parece brincadeira. Só que é, na verdade, coisa séria.
O artista que antes era dB assumiu-se David Bruno em 2018, ano em que estreou o “filme” O Último Tango em Mafamude em que brilhava um David brando capaz de reservar mesa para dois no carpa enquanto ia buscar a sua Julieta ao volante de um Alfa Romeu. A apresentação – e inicio do seu percurso com esta “pele” (que é como quem diz fato de treino…) – aconteceu num shopping abandonado em Gaia. Desde então, a carreira nos grandes ecrãs do nosso imaginário colectivo só cresceu com estrondos de bilheteira como Miramar Confidencial, trabalho em que David virou interveniente acidental (de propósito), Raiashopping, com direito a festas de espuma naqueles sítios frequentados por camionistas (que os há…), ou Sangue & Mármore, com David a escrever um argumento que merecia Óscar e tudo.
Para celebrar esse caminho e, pelo menos durante os tempos mais próximos, pendurar o fato de treino, David Bruno despede-se com um grande concerto, dia 07 de setembro, no Coliseu do Porto, lugar mágico onde, confessa-nos ele, nunca sonhou tocar. No palco e na plateia haverá muitos amigos, numa despedida que será uma espécie de “até um dia destes” sem data marcada. Nessa celebração caberão todos os sucessos que o seu público conhece de cor, cantados a muitas vozes que isto em coro sabe muito melhor.