Chegada da Disney Plus ao mundo de streaming de vídeo pode mudar estrutura do mercado por completo

Poucas décadas atrás, as casas portugueses ainda eram dependentes dos canais de TV aberta para se informar sobre o que acontecia ao redor do país e do mundo através dos noticiários e também para poder distrair a mente por meio de filmes, séries e novelas.

Com um mercado diminuto e bastante concentrado, as opções eram escassas e às vezes até mesmo de baixa qualidade. Mas era o que tínhamos ao menu à época.O avanço da televisão por assinatura, seja a mesma via cabo ou satélite, foi uma mudança muito bem-vinda tratando-se de variedade audiovisual. Em vez de se ter vários géneros televisivos concentrados em um punhado de canais, era possível agora assistir a transmissoras cujo foco era um só tipo de programa. Floresceram assim as grandes redes de canais desportivos, de notícias, de documentários e afins, trazendo à tona uma variedade que fazia muita falta ao espectador.

Mas mesmo a TV por assinatura não é perfeita. Em muitos casos, a rigidez dos pacotes de televisão e até mesmo o fato de boa parte dos canais não serem assistidos pelos consumidores, torna-os exageradamente caros. Esse problema inerente à indústria, em combinação com o avanço da tecnologia de streaming de vídeo, torna-se a força motriz do fenómeno chamado “cord-cutting” – ou “corte de cabo”, em tradução para o Português.

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No lugar das TVs por assinatura, acabam por entrar os serviços de streaming. Os gigantes da indústria atualmente são as já tão conhecidas Netflix e Amazon Prime, que acabam se colocando em situações de confronto no mercado de forma constante em disputas por direitos de adaptação de obras como O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, e a trilogia O Problema dos Três Corpos, de Liu Cixin.

No entanto, o domínio desses titãs pode estar em risco. A Disney encontra-se em plena expansão com o seu serviço próprio de streaming, o Disney Plus, que chegou a Portugal no dia 15 de setembro. O mesmo disponibiliza um vasto catálogo de filmes e seriados antigos dos estúdios Disney e Fox, o último tendo sido adquirido pela empresa em uma transação de quase 71 bilhões de dólares ano passado. Além disso, várias produções exclusivas para o serviço de streaming lançam mão de algumas das franquias mais famosas da Disney, como Star Wars e o universo cinematográfico da Marvel.

Para a indústria em si, a chegada do Disney Plus pode indicar o começo da transformação do mercado em um oligopólio, saindo da situação antiga, em que a Netflix dominava boa parte do setor e a Amazon tentava “fisgar” uma boa parte dele por meio de uma política de preços deveras agressiva. Dinâmica essa que é mais um sinal de que o streaming não vai sair de voga tão cedo.

Essa explosão do setor de streaming vem também transformando outros ramos da indústria do entretenimento para além da área do cinema. Há algum tempo, os videogames tentam implementar um sistema semelhante de streaming para si, com grandes promessas para o futuro. A Sony já possui o Playstation Now há alguns anos, oferecendo a possibilidade de fazer streaming de alguns dos jogos mais famosos dos seus consoles pela internet, enquanto a Microsoft almeja a transmissão de jogos pela “nuvem” não só para televisores com consoles da empresa, mas também para telemóveis e tablets.

Enquanto isso, outros mercados já parecem ter entendido muito bem a mensagem. No setor de iGaming, por exemplo, muitos dos jogos de casino detalhados em websites como Casinos.pt, como pôquer, blackjack e roleta, já possuem disponibilidade para serem jogados online por meio de transmissões ao vivo. Esta tecnologia de transmissão foi adotada pelo mercado assim que se mostrou possível e acessível em termos de custo para a indústria, já na primeira metade da década de 2010.

Em outro âmbito, já na indústria da música e do teatro, as transmissões ao vivo têm sido um auxílio para os tempos de crise. A possibilidade de fazer “lives” abertas ao público via YouTube, aceitando doações ao vivo enquanto performances são realizadas, é de grande ajuda para artistas de qualquer porte.

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Em alguns casos, até os programas de teleconferência mais comuns associados ao mundo corporativo e académico acabam por virar “palco artístico”. Nos Estados Unidos, comediantes de stand-up, músicos e atores têm feito shows exclusivos para fãs através de aplicativos como Zoom e Skype.

Torna-se, assim, difícil se desvencilhar destas evoluções, uma vez que o vídeo e sua transmissão em tempo real se tornam cada vez mais integrais ao uso comum da internet. E a chegada em peso da Disney no mercado é sinal de que o novo paradigma de mídia encontra-se de fato no mundo de streaming.

André Kanas

http://www.facebook.com/andrekanas

Diretor, Redator e Gestor de conteúdos das redes sociais do QC | Responsável pelas coberturas musicais e televisivas do QC | Integrou o QC em 2013, dado o seu gosto pelo mundo televisivo e não só, sendo que já navega e escreve no universo de blogues e sites de entretenimento desde 2007.

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