A força do audiovisual na sociedade dominou o auditório municipal de Lagoa. Com a presença de Cândida Pinto, jornalista e coordenadora da Grande Reportagem da SIC, e Jorge Pelicano, repórter de imagem e realizador, o tema foi lançado através de três episódios da série documental Momentos de Mudança.
Pouco mais de meia centena de pessoas juntou-se ontem à noite, em Lagoa, para participar no debate “A Força do Audiovisual na Sociedade” com a presença de dois dos autores da série documental de maior sucesso da SIC. Momentos de Mudança foi para o ar em 2012 e quis “mostrar coisas que estavam a mudar na sociedade portuguesa”, como referiu ontem a jornalista do terceiro canal. “Nós queríamos que cada pessoa fosse exemplificativa da história que queríamos mostrar”, explicou.
O método de realização utilizado nos documentários foi o Cinematic Journalism, em que o narrador da história são as próprias personagens da mesma, ao invés do jornalista, numa técnica que pretende aplicar o cinema documental ao jornalismo. Após a apresentação do conceito que juntou milhões ao ecrã, todas as semanas, seguiu a amostragem de três episódios escolhidos de acordo com a realidade vivida no concelho algarvio. Germano e Elisa – A entrega da casa foi o primeiro. O primeiro tema apresentado focava-se numa família cuja mãe e filhos sofrem de síndrome de Alport e que entraram em insolvência. Seguia-se Maria Amélia – De casa para o lar. Descia assim como tema o envelhecimento da população e a solidão dos idosos. O nascimento do Duarte foi o terceiro e último episódio. A baixa taxa de natalidade e o adiamento na decisão da paternidade foi outro dos assuntos que esteve em discussão. Na apresentação do documentário Cândida Pinto referiu que a equipa quis perceber “o que se passa na cabeça das pessoas que têm um filho tão tarde”.
Episódios reais da sociedade, retratada em Momentos de Mudança, estiveram assim em análise. O endividamento das famílias, o papel dos bancos na realidade atual, o desemprego e a ginástica orçamental foram dos assuntos mais discutidos na sala, focando-se não só no contexto nacional mas dando maior destaque ao que é feito no concelho de Lagoa. Os presentes quiseram saber quais os procedimentos, os cuidados e a forma de atuação da equipa. Sempre muito simpáticos, os oradores responderam às questões que lhes foram colocadas e mostraram uma disponibilidade enorme para partilharem experiências e pensamentos. “Respeitámos a dignidade e não quisémos levar isto para a exposição mas sim para a partilha”, explicou Jorge Pelicano aquando questionado sobre a transformação das histórias em sensacionalismo mediático. Não quiseram também apelar ao sentamentalismo dos espectadores mas sim dar a conhecer realidades. Ambos os oradores explicaram que a SIC lhes deu tempo para produzir aquele conteúdo o que foi sem dúvida uma grande ajuda. Durante quase todo o ano de 2012 a equipa pesquisou pelas melhores histórias que retratassem a realidade portuguesa na atualidade: “não procurámos pessoas exibicionistas”. Tanto Cândida Pinto como Jorge Pelicano explicaram que o processo de produção foi longo pois tiveram alguma dificuldade em conseguir que as famílias estivessem autorizassem as gravações. A equipa de produção não excedeu as 4/5 pessoas e durante as filmagens era comum estarem normalmente três membros presentes com as famílias. Desta forma, foi possível uma maior proximidade com os protagonistas das histórias.
O resultado final é um trabalho com grande aceitação por parte do público, pautado não só pelas histórias mas também pela excelente edição e montagem de imagens. Os documentários prenderam milhões ao ecrã quando foram exibidos na SIC e o feedback foi muito positivo. Estas histórias continuam a causar grande impacto e a promover o debate sobre as temáticas em que se focam.
No final, ainda houve tempo para uma dedicatória para o Quinto Canal.
Artigo redigido e editado por André Palma, Inês Calhias e Sílvia Farinha