A vós me confesso. A vós confesso os meus pecados. A vós confesso os meus pecados Santa Teresa.
Faz hoje uma semana que teve início a quarta temporada de Secret Story – enquanto escrevo esta crónica, o concorrente que mudou de sexo está a falar com a Teresa Guilherme, com uma voz digna de um Darth Vader numa manhã de ressaca.
Estaria a mentir se dissesse que odiava o programa e que não encontrava algo de interessante no seu conteúdo, mas também estaria a mentir se disse-se que adorava.
A minha relação com o Secret Story é ambivalente, tanto adoro que quando acabo de ver sinto uma necessidade extrema de tomar banho em desinfectante, e por falar em desinfectante, Felix vai ser o tema da próxima crónica – EU PROMETO!
Mas que poderei dizer sobre um programa, onde toda a gente já comentou, bem sim é um facto que a soma do QI de todos os concorrentes é inferior ao de uma Bimby, até uma Bimby tem um QI mais elevado, mas não deixo de sentir um certo fascínio por cada um dos indivíduos, em especial Bernardina, a concorrente que conquistou o meu coração com frases como, “os homens servem para trabalhar, para as mulheres gastarem o dinheiro no centro comercial”.
Isto sim é uma cara digna de um fresco de Botticelli
No fundo eu considero o Secret Story um documentário, um documentário social sobre o que uma pessoa pode fazer para ser famoso, basicamente temos todas as classes sociais representadas no programa, a saloia, o betinho, o desempregado, a emigrante, etc. E Teresa Guilherme manipula cada um dos concorrentes a seu belo prazer, na realidade muitas vezes o seu sorriso sádico torna-se perturbador.
Mas será o Secret Story um programa com algum valor e completamente irrepetível?
Não é claro que não, no fundo, o programa é basicamente um conjunto de saloios que passam 3 meses fechados numa casa, enquanto são alvo de missões – experiências? – comem e bebem de borla.
Se olharmos para as todas as temporadas, quatro no total, nada muda, nunca mudará, afinal de contas enquanto as audiências forem enormes o programa não vai parar.
Se tivermos em conta as audiências da primeira gala, que foi para o ar no dia das autárquicas, podemos ver o porque de o programa ter um número de audiências elevado. O povo português precisa de rir, precisa de uma boa gargalhada – eu incluido, ser formado e estar desempregado é uma coisa assim um quanto ou tanto chata – e tendo em conta que os quatro canais generalistas não têm nenhum programa cómico decente no ar – felizmente a praga dos malucos do riso morreu! – o melhor sitio para o encontrar é no Secret Story.
Porque é que acham que a personagem de Liliane Marise teve tanto sucesso?
A tua crónica está a chegar minha querida…
Não é por nada que os directos à casa e os programas vão para o ar antes e depois do noticiário, é quase que uma anestesia para a alma amargurada do povo português.
O que é que nos interessa e faz rir mais, um politico corrupto? Ou um rapariga lá da santa terrinha que pede para obstruir o caminho quando uma das concorrentes desmaia?
Ao final do dia, quando protestamos “porque é que esta pouca vergonha continua a dar?”, a resposta é simples: a culpa é nossa!
E disso tenho eu a minha cota parte de culpa, mas que posso eu fazer? A esta hora não dá nada que me interesse e tenho de dar uso ao meu plasma!