Foi subdiretora do segundo canal durante seis anos. Numa entrevista frontal à Notícias TV desta semana confessou que esses foram tempos de paixão por fazer televisão, por tentar contribuir para uma pluralidade de conteúdos numa estação onde o serviço público é a palavra de ordem.

Com os cortes que o canal foi alvo a direção de programas encabeçada por Jorge Wemans acabou por despedir-se dos seus cargos por não considerar existir possibilidade de se produzir com qualidade com um orçamento tão reduzido. «A RTP2 foi sujeita a uma redução de orçamento de 80%», começou por dizer Paula Moura Pinheiro.

Satisfeita com o trabalho que conseguiu realizar com a sua equipa ao longo do período em que esteve na chefia da estação, a apresentadora recorda que foram registados várias apostas com sucesso. «Houve, durante anos, a possibilidade de se estrear um novo documentário nacional todas as semanas, o que é extraordinário. Esse foi, para mim, o maior contributo que a direção de Jorge Wemans deu ao audiovisual português. Mas fez-se outras coisas… A programação infantil foi um dos pratos fortes dessa direção, bem como a saudável interação com a chamada sociedade civil. Acho que conseguimos prestar verdadeiro serviço público», afirmou à Notícias TV.

Apesar de um percurso inconstante no que toca à produção e às audiências, a antiga subdiretora da RTP2 acredita que o canal tem potencialidades para crescer apesar dos resultados terem vindo ressentir-se ao longo dos tempos. «A RTP2 tem tido algumas guinadas mas não está condenada a baixas audiências. É uma questão de adequação de planos e de estratégia. Há que planificar de uma forma consequente e responsável. Sabe como se faz um programa dito cultural com audiência? Eu digo-lhe. É meter trailers de filmes blockbuster, depois mete-se um videoclip da Beyoncé e o último best seller da literatura de cordel. Assim se comporia um programa dito cultural, com “cinema”, tecnicamente falando, com “música”, tecnicamente falando, e com “literatura”, tecnicamente falando. É fácil, garanto-lhe. Mas do que é que estaríamos a falar? Estaríamos a falar de indústria de entretenimento, não de cultura, no sentido da criação e do pensamento. Uma coisa é termos programas que cobrem o pensamento e a criação, outra coisa é termos programas que têm notícias na área do entretenimento. Ambos são importantes, ambos têm de ter lugar. O que é a grave é a confusão entre as duas coisas e a mistura sem critério», disse referindo à atual grelha de programação do segundo canal.

Diogo Santos

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Marketing e Publicidade. Tenho uma grave obsessão por audiências desde os meus 14 anos. Espanta-se quem me ouve dizer que praticamente não vejo televisão. No entanto, basta fazerem-me uma pergunta sobre esta categoria, e a resposta surge em segundos. Querem testar? ;)

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