Só Séries: Vilões dominam «Gotham»

Após longos meses de espera chegou finalmente a série sensação desta Fall Season, para regozijo de geeks, gamers, curiosos, aficionados ou pseudos. Gotham – ou como eu gosto de chamar a série sobre Batman, sem o Batman – poderia ser somente mais uma série sobre super-heróis mas é brilhantemente complexa e totalmente original.

Criada por Bruno Heller, numa produção da Warner Bros. Television, para o canal Fox, a história incide sobre o detetive James Gordon (Ben McKenzie) que é designado a ir para Gotham (cidade fictícia da história e que dá o nome à série) e fica encarregue do caso do assassino de Thomas e Martha Wayne. Em conjunto com o seu parceiro Harvey Bullock (Donal Logue), um detetive corrupto, eles entram numa luta contra o crime em Gotham, dominado por Fish Mooney (Jada Pinkett Smith) e Carmine Falcone (John Doman). Eventualmente, Gordon vai cruzar os caminhos de alguns criminosos conhecidos do mundo de Batman, dos quais se destacam Selina Kyle – Catwoman (Camren Bicondova), Edward Nygma – The Riddler (Cory Michael Smith) e Oswald Cobblepot – Penguin (Robin Lord Taylor). Determinado a descobrir quem matou os Wayne, Gordon acaba por se aproximar de Bruce – o ainda jovem Batman (David Mazouz) e a sua relação será crucial para o crescimento do mesmo e para a sua transformação no homem morcego – sem esquecer a importante presença de Alfred Pennyworth (Sean Pertwee), o mordomo e figura paterna de Bruce.

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A história é interessante não só por se focar numa das principais personagens do universo de Batman e talvez um dos últimos homens honestos daquela cidade. Gordon é um bom polícia, com ideais e convicções fortes que procura proteger uma cidade que está imersa em crime. A sua tentativa de criar algo de bom naquele sítio é de louvar mas Gotham está a ficar sem salvação. O ponto mais brilhante desta nova série é que aprofunda imenso o contexto dos vilões do universo. Aqui podemos ver alguns dos vilões mais conhecidos ainda jovens e assistimos à sua transformação, ao invés de termos apenas o resultado final. Adorei a forma subtil como introduziram tanto a Catwoman como o The Riddler e estou curiosa para perceber mais das suas histórias. Entre tantos vilões que irão aparecer em futuros episódios existe um que está a criar imensa expectativa. Lembram-se no primeiro episódio, de um jovem que estava a entreter a Fish Mooney? Há rumores que indicam que era nem mais nem menos que o jovem The Joker, brilhante não é?

No geral o elenco está ao mesmo nível de qualidade, que apesar de não ser excelente, é realmente boa. Contudo, confesso que não sou fã do protagonista. Acho-o demasiado preso e demasiado mecânico. Falta ali algo para que cative. Por outro lado, adoro a Jada Pinkett Smith no seu papel de vilã. É terrivelmente assustadora e simpática ao mesmo tempo e representa com enorme brilhantismo, roubando as cenas onde aparece. O que acho mais curioso em relação ao elenco, são algumas escolhas de casting. Por exemplo, eu não consigo olhar para a pequena Catwoman e não pensar que ela é uma jovem Michelle Pfeiffer, que para os menos atentos, representou a mesma personagem. Ou até o próprio Bruce, faz lembrar Christian Bale, e o jovem Penguin, cuja caracterização remonta para Danny DeVito. Os atores que dão vida aos jovens vilões têm desempenhado os seus papéis muito bem, cientes da responsabilidade que têm entre mãos.

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Os efeitos visuais são utilizados de forma subtil, principalmente para recriar uma cidade que não existe. Os cenários não são totalmente falsos mas denota-se o recurso ao computador na elaboração dos mesmos, apesar de muitos efeitos nos passarem despercebidos. Gosto do tom escuro da série, que lhe confere muito mais impacto emotivo, e do movimento da câmara nas cenas de ação, dando mais adrenalina à cena em si e criando o mesmo no espectador. No geral o trabalho de câmara está excelente e são apresentados planos muito bem construídos e interessantes. A banda sonora está igualmente bem escolhida, sem recorrer a nenhuma música pop ou semelhante (como se vê nas outras séries sobre super-heróis). Composta por música de orquestra, este fator é igualmente importante para dar profundidade à série e lhe conferir um patamar acima.

Gotham é uma série sobre o universo de um super-herói mas o único herói presente tem uma missão impossível para salvar a cidade. Complexa e cativante, Gotham já tem um lugar na história das produções televisivas e será realmente importante para definir o que vem aí. Chega de Super-Homen, Arqueiro Verde ou Flash. Está na hora de os vilões tomarem conta da televisão!

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Inês Calhias

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, desde cedo adquiri um enorme interesse por séries. Tento ver um pouco de tudo e apresentar aqui no Quinto Canal o que se passa no panorama televisivo.

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