A produção do canal ABC foi uma das séries mais aguardadas de 2013 principalmente pela história que apresentava, direcionada para os leitores de teorias da conspiração que envolvem Igrejas e o seu poder. Conquistou algum público e atenção com a sua promoção, especialmente numa altura em que a Igreja Católica atravessa um período conturbado. Porém, Zero Hour não convenceu.

Hank Galliston (Anthony Edwards) é o diretor de uma revista sobre atividades paranormais – Modern Skeptic – que procura solucionar alguns desses acontecimentos e mostrar que são sem fundamento. A sua vida muda quando a sua esposa Laila (Jacinda Barrett) é raptada sem qualquer motivo aparente. Hank inicia então uma intensa procura com a ajuda de dois colaboradores, Rachel (Addison Timlin) e Arron (Scott Michael Foster), e de Rebecca ‘Beck’ Rileyuma (Carmen Ejogo), uma agente do FBI que procura incansavelmente o raptor de Laila. White Vincent (Michael Nyqvist) é um criminoso muito procurado e bastante misterioso. Aparentemente nada o liga a Laila mas após alguma investigação, Hank descobre que Vincent procura certos artefactos – neste caso relógios – que levarão ao esconderijo de uma importante peça para o início do Apocalipse, conhecido também como «Zero Hour». Hank encontra-se então no meio de uma luta travada entre Nazis e uma sociedade secreta cristã conhecida como Rosa-Cruz.

A trama é sem dúvida o ponto forte da série. Existem muitas ramificações capazes de criar boas histórias e conspirações bem interessantes. A exploração dos ideais da sociedade secreta assim como a sua história são pormenores muito atrativos. Para quem vê Zero Hour sem ter conhecimento do que é a Rosa-Cruz não irá entender o porquê de os 12 novos apóstolos serem tão distintos, entre outros aspetos, mas vale a pena fazer uma breve pesquisa para perceber que os produtores conseguiriam tirar algum proveito para o benefício da história. Por outro lado, a colocação em enigma da localização do misterioso artefacto em 12 relógios fez com que estes se tornassem a marca da série. E o fato de as pistas estarem também contidas em outros relógios criou uma caça ao tesouro empolgante em que o tempo está sempre a correr contra os protagonistas.

Mas da mesma forma que é o ponto forte é igualmente o ponto fraco. Existem muitas lacunas, muitos raciocínios sem qualquer nexo que surgem apenas para fazer sentido. A solução é sempre demasiado fácil de encontrar e está logo à vista. E esta característica, apesar de não o parecer, cria um descrédito à capacidade que os produtores têm de manter um pouco o suspense. Porque assim que surge alguma pista não há qualquer hipótese de o espectador tentar decifrar por si próprio ou de ficar empolgado com o significado da pista pois ela é rapidamente decifrada. E cria-se uma corrente de acontecimentos que não fazemos ideia como ou porque acontecem.

O ponto que considero totalmente desfavorável em relação à série é a escolha dos atores. As suas prestações são mecânicas, sem graça e nada parece ser improvisado. Sei bem que os textos existem para serem seguidos mas os atores tiram qualquer vida ao texto. A situação de Hank podia ser aproveitada como um meio de criar uma espécie de ligação com os espectadores mas nem isso acontece. É algo tao mecânico que não convence de forma nenhuma, havendo diálogos que se tornam ridículos, espelhando na perfeição o quão fracas são as representações.

Zero Hour não convenceu no dia de estreia e nada melhorou nos episódios seguintes. O seu cancelamento era assim esperado. Fica no entanto a questão: até que ponto esta série não teria sucesso na Europa? Não quero desvalorizar a população americana mas Zero Hour parece do tipo de série que cativaria mais rapidamente alguém cuja cultura se baseia em valores cristãos do que alguém que cresceu num misto de culturas.

Inês Calhias

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, desde cedo adquiri um enorme interesse por séries. Tento ver um pouco de tudo e apresentar aqui no Quinto Canal o que se passa no panorama televisivo.

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