Só Séries: Os contos de fadas de «Grimm»
Na semana passada apresentei a nova série do canal NBC, Constantine, e mencionei uma outra do mesmo canal. Qual não foi a minha surpresa quando percebi que ainda não vos tinha falado de Grimm, uma das séries que tenho acompanhado nos últimos anos.
Esta série criada por Stephen Carpenter, em 2011, é inspirada nos Contos dos Irmãos Grimm – que contém as versões originais de por exemplo Hansel e Gretel, Branca de Neve, Rapunzel, Cinderela – e em todo esse misterioso mundo envolvente. A trama centra-se em Nick Burkhardt (David Giuntoli), um detetive de Portland, que vem de uma longa linhagem de caçadores de monstros (Wesen) que o próprio desconhecia. Após a morte da sua avó, o dom dos Grimm (que consiste em ver a verdadeira faceta das pessoas aparentemente humanas) passa para Nick e este tem que lidar com esta estranha realidade. Ao mesmo tempo, vai-se apercebendo que nem toda a gente é o que parece ser e que estas criaturas existem em abundância, expondo-se cada vez mais. Nick utiliza então este dom para resolver os crimes, contando com a ajuda de Monroe (Silas Weir Mitchell), uma espécie de lobo com um gosto por relógios antigos; Hank (Russell Hornsby), seu parceiro que mais tarde também consegue descobre o seu segredo; Juliette (Bitsie Tulloch), noiva do Nick; Rosalee (Bree Turner), uma criatura parecida com uma raposa e dona de uma loja de especiarias; Capitão Sean Renard (Sasha Roiz), chefe de Nick e um bastardo da família real Wesen; Drew Wu (Reggie Lee), colega de Nick e Hank; e por último Adalind (Claire Coffee), uma criatura parecida a uma feiticeira, que acaba por se tornar numa inimiga de Nick.
Confesso que me deixei levar pela história da primeira temporada. O facto de a série ter um teor policial – cada episódio tinha um novo caso por desvendar – e de serem imensas as perguntas e poucas as respostas levaram a que o meu interesse fosse enorme. No entanto, foi abandonada essa forma de contar os eventos e a série começou a focar-se em coisas que não tinham tanto interesse assim – porque raio tivemos que esperar até à terceira temporada para saber como os Wesen reconheciam a habilidade de Nick? A série começou a ficar monótona e a focar-se inteiramente nas relações amorosas dos protagonistas e isso afastou-me um pouco. Tudo mudou quando no final da terceira temporada – SPOILERS – o Nick ficou sem os seus poderes e a história poderia ter tido uma reviravolta enorme, especialmente com a entrada de Theresa “Trubel” Rubel (Jacqueline Toboni), uma nova Grimm. Mas a série é demasiado previsível com os seus twists. Nos últimos episódios temos assistido a atos discriminatórios para o casal inter-racial Wesen e admito que essa temática tem sido o mais interessante da temporada.
O elenco é no geral bom, apesar de certos diálogos parecerem demasiado mecanizados. Não é de todo um dos elencos com mais química que já vi mas até se safa nas cenas mais cómicas. Aí tenho que dar os parabéns a Silas Weir Mitchell, Bree Turner e Reggie Lee que são uns génios nos comentários sarcásticos. Apesar de não ser uma série de emoções fortes, as cenas com um teor mais emocional até estão bem feitas.
Onde Grimm realmente peca é nos efeitos visuais. A série deve ter um orçamento muito baixo pois a qualidade dos mesmos é terrível. Não falo da iluminação nem criação dos cenários, porque aí os criadores foram para uma vertente muito natural, dando primazia a cenários reais. Falo mesmo do desenho dos vários Wesens presentes na série e questiono-me se não teria sido melhor a produção ter utilizado adereços em vez de efeitos no computador. São tão maus que fazem os olhos doer – a sério, têm existido várias situações em que é embaraçoso olhar para o ecrã.
Grimm é mais uma série sobre o sobrenatural que poderia ter uma maior audiência se resolvesse rapidamente as questões da história, do elenco e dos efeitos. O que restará então de bom? O facto de ser uma série com criaturas mágicas e para os fãs do género – como eu – isto é um regozijo. Espreitem a série – sim agora vão ter tempo de sobra com a winter finale – e digam-me a vossa opinião 🙂
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