Só Séries: «Extant» a nova série de ficção científica de Steven Spielberg

 Chegou finalmente à televisão Extant, mais uma série de ficção científica para meu próprio regozijo, com a qual deparei-me acidentalmente. Steven Spielberg volta a estar na produção de uma série do género durante a Summer Season (relembro que Under the Dome tem o seu cunho) e garante assim mais um lugar de destaque para uma categoria que anda a perder séries frequentemente. A questão que se impõe à partida é: será que Extant conseguirá sobreviver?

Criada por Mickey Fisher e Greg Walker, numa produção conjunta entre a Amblin Entertainment e a CBS Television Studios, Extant apresenta uma mistura de histórias de ficção científica já conhecidas e abordadas. Situada no futuro, a protagonista Molly (Halle Berry) é uma astronauta que volta para a Terra grávida, após treze meses numa missão sozinha no espaço. Ao regressar à Terra, Molly procura reconciliar-se com o marido John Woods (Goran Visnjic), um inventor que criou o seu filho androide Ethan (Pierce Gagnon). Sob o olhar atento de Hideki Yasumoto (Hiroyuki Sanada) e Alan Sparks (Michael O’Neill), Molly vai precisar da médica Sam Barton (Camryn Manheim) para se manter longe daqueles que a querem fazer mal. É que a sua gravidez põe em causa não só o seu futuro matrimonial mas todo o futuro da humanidade.

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A história em si não traz nada de novo ao género, conseguindo conciliar várias temas numa única série. Temos por um lado a existência de vida extraterrestre e o que isso implica para a sobrevivência humana, especialmente quando colocam um rebento seu na Terra, e por outro lado, a criação de androides capazes de tratar emoções humanas, tornando-se altamente funcionais. Eu sou suspeita ao dizer que ambas as histórias me fascinam imenso, mas creio que Extant ainda não as está a abordar com o entusiasmo devido. É que a série torna-se um pouco monótona e aborrecida e muitos espectadores esperavam algo diferente, inovador, que os prendesse ao ecrã ou quem sabe desse azo à criação de blogs de fãs. A história tem ainda muito para dar e se não melhorar rapidamente creio que se irá desperdiçar uma boa produção.

O elenco é maioritariamente composto por atores conhecidos tanto do cinema como da televisão e denota-se uma enorme química e à vontade nos diálogos e interpretações. Estou curiosa para saber se o jovem ator que interpreta o androide está mesmo a representar aquele papel ou se é realmente muito tímido. É que à sua personagem faltava precisamente aquilo que lhe querem incutir: emoções. Estava curiosa para ver Halle Berry numa série, pois considero-a uma atriz versátil e que precisava de sair um pouco da marca de X-Men. Não se afastou muito da categoria mas gosto de ver o seu trabalho e acho que está a representar muito bem o seu papel. Quem não me surpreende é Hiroyuki Sanada que interpreta novamente um homem misterioso com intenções duvidosas em relação à protagonista (tal como em Helix – também de ficção científica). Será que o ator alguma vez vai conseguir interpretar algo mais do que isso?

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Tantos os efeitos visuais como os sonoros estão excelentes e denota-se o cuidado em todas as cenas que precisam de um toque computadorizado. Gostei particularmente do jogo que o androide e a mãe jogam, o qual parece quase verdadeiro. É realmente bastante aprazível ver tamanho cuidado. O som é um elemento fundamental na série e serve principalmente para dar a sensação de medo. Tanto a música como os outros efeitos sonoros provocam dúvida, medo e criam uma sensação de antecipação pelo que está por vir e é de facto muito interessante ver isso tão bem conciliado.

No fundo Extant é uma série que tem todos os argumentos para ter sucesso mas que peca por alguma falta de ação e elementos novos que prendam a atenção dos espectadores. Infelizmente a categoria de ficção científica na televisão tem perdido imenso para os vampiros e lobisomens e tudo o que aborda cenários futurísticos corre sempre o risco de serem canceladas. Believe e Almost Humam eram dois nomes sonantes e nenhuma sobreviveu à primeira temporada. Resta ver se a Summer Season será a salvação de Extant

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Inês Calhias

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, desde cedo adquiri um enorme interesse por séries. Tento ver um pouco de tudo e apresentar aqui no Quinto Canal o que se passa no panorama televisivo.

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