Pedro Boucherie Mendes: «Penso sobretudo que o sistema anterior [Marktest] estava caduco» – 7 Dias/7 Entrevistas

É o diretor-geral de uma estação radical. Irreverência, atitude e diferença, são alguns dos adjetivos que descrevem o canal que conduz. A SIC Radical está há dez anos no ar, e o balanço não poderia ser mais positivo. Para nos falar sobre ele, nada melhor do que entrevistar Pedro Boucherie Mendes, um rosto incontornável do universo do Cabo.

Fique a conhecê-lo um pouco melhor, assim como à estratégia idealizada para o temático de Carnaxide.

Tudo, em mais uma entrevista com a assinatura 5º Canal!

I

A SIC Radical já conta com onze anos. Qual o balanço que faz deste projeto enquanto diretor-geral?

O canal existe há onze, mas eu só cá ando há quatro e meio. Do ponto de vista pessoal tem sido excelente.

Continua a sentir-se satisfeito por estar à frente de um canal de sucesso entre os portugueses?

Temos sabido adaptar o canal à nova realidade. Quando tudo começou, a Radical era o único canal alternativo. Não havia AXN, FOX, nada. Não havia tablets, 3G, gravadores digitais, Facebook. Tudo isso, todo esse mundo novo, é concorrência. Mas a Radical continua por cá e isso deixa-nos naturalmente satisfeitos.

II

Nos tempos que correm, é preponderante que as estações generalistas apostem nos canais por cabo?

Provavelmente.

Qual a razão para que esta tendência se esteja a acentuar nos últimos tempos?

Porque existem. E quanto mais existem, mas vão existir. O fenómeno é concorrencial, não é uma prova de coisa nenhuma como muita gente diz. Há dois anos também não havia lojas que compram ouro. Agora há uma em cada esquina. Isto é, quando os empresários percecionam a oportunidade, investem. A concorrência ZON/MEO faz com que portugueses tenham acesso à melhor televisão que se faz no mundo, nos vários canais e pacotes disponíveis.

Pelas últimas notícias, sabe-se que a TVI vai lançar em setembro um canal inteiramente dedicado à transmissão de novelas e outros produtos na área da ficção. Acha que faz falta um projeto deste género na atualidade?

Preferia não comentar. Primeiro porque não sei os detalhes e em seguida porque tratando-se de um concorrente direto na minha empresa, caberá aos meus superiores falarem sobre o assunto.

Como vê a oferta televisiva por parte da concorrência dos temáticos?

Temos muitos e ótimos canais.

Com tantos canais por Cabo, quais as principais diferenças da SIC Radical em relação a eles?

Tem uma dimensão local através da produção nacional e tem conseguido, julgo, surpreender com a sua programação internacional. É um canal com uma identidade muito forte.

III

Os festivais de música resumem a imagem do temático que dirige?

De todo. Em eventos como os festivais, mas também os jogos olímpicos ou os europeus, o espectador é essencialmente um oportunista. Ou seja, é indiferente para ele em que canal seja emitido, desde que seja emitido em condições. A Radical ajudou a fazer os festivais, desde que se meteu há estrada no seu primeiro ano de vida.

A aposta nestes eventos é para continuar na estratégia da Radical?

Provavelmente sim.

Quais os retornos principais deste investimento?

De vária ordem. Mas há também muito a perder. Os espectadores ficam frustrados com alguns concertos que não podemos emitir e têm pouca capacidade de perceber que se não os transmitimos foi porque estávamos legalmente impedidos de o fazer.

Na transmissão do concerto dos Linkin Park, a SIC Radical atingiu o seu máximo de audiência desde a sua estreia na televisão portuguesa. Pensou alguma vez que este resultado poderia ser alcançado por esta aposta?

Na panorâmica GFK que estamos a viver pela primeira vez, sim, achei que sim, porque o RIR tem sempre audiências muito boas.

Quais os motivos que contribuíram para que a presença da SIC Radical no Rock In Rio tivesse registado tamanho sucesso em audiências?

O próprio festival está concebido para ser um evento grandioso em televisão. E em seguida o nosso trabalho.

O que pensa sobre o novo sistema de medição de audiências da GFK? Representa ou não a população portuguesa?

Penso sobretudo – e não me canso de o dizer – que o sistema anterior estava caduco. Antigamente andávamos de carroça, agora isto tem motor. Perde óleo de vez em quando? É capaz, mas não sou mecânico. O que não sei é que não quero voltar a andar de carroça.

IV

O que podemos contar por parte da Radical nos próximos meses?

Mais do mesmo. Mas posso dizer-lhe em primeira mão que vamos dar aos portugueses o mundo Real Housewives.

Quais os objetivos a curto/médio-prazo do canal?

Os mesmos. Ter audiências, influência, para podermos ganhar dinheiro e prosseguir.

V

Costuma estar atento aos sites e blogues de televisão? Se sim, tem algum como referência?

O TV Dependente. É francamente bom. Os outros, com um lado mais nacional, não me interessam tanto, porque dizem menos respeito à minha realidade de programação legendada.

Uma mensagem para os leitores do 5º Canal.

Boas férias a todos!

Obrigado!

Diogo Santos

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Marketing e Publicidade. Tenho uma grave obsessão por audiências desde os meus 14 anos. Espanta-se quem me ouve dizer que praticamente não vejo televisão. No entanto, basta fazerem-me uma pergunta sobre esta categoria, e a resposta surge em segundos. Querem testar? ;)

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