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Todas as estações de televisão são feitas de pessoas e desengane-se quem pensa que é mais valioso aquele que aparece do que o que faz aparecer. Por traz de um programa estão muito mais do que os apresentadores ou atores, há toda uma equipa técnica que permite com que aquele espaço vá ao ar e sem ela de nada adiantava ter bons profissionais.

Na Globo parece estar a pensar-se assim e por isso mesmo todos são tratados de igual forma, ou pelo menos tenta-se. Nenhum é mais do que o outro e é com base nessa política que algumas reformas internas estão a ser ponderadas. Todos terão os seus contratos revistos e alguns ficarão sem elo à estação. Ainda assim, a estação vai salvaguardar-se e os seus rostos mais emblemáticos serão mantidos, através de contratos de exclusividade, já os outros, considerados de segunda linha, serão sujeitos a contratos por obra, tendo assim liberdade para trabalharem com qualquer estação.

Apesar desta medida a Globo pretende continuar a dar trabalho a todos os seus funcionários, atores ou não, através de projectos mais curtos e com rotatividade de equipas. Isso é o que tem vindo a acontecer nos últimos tempos, desde que o máximo de episódios para as novelas das 21h, as mais longas, baixou para os 179.

Samara Felippo

Já no que toca a outros canais a prioridade é dar trabalho aos atores da casa, ainda que para novos projectos onde se pretenda criar algum impacto sejam contratados alguns de fora. A Record e o SBT são as que actualmente estão a fazer isso, já que são as únicas a produzir ficção em série. Enquanto que na estação da Igreja Universal a aposta é nas minisséries bíblicas, para onde foram contratadas Larissa Maciel e Samara Felippo, ambas saídas da Globo, o SBT prefere apostar em castings e na contratação de atores de segundo escalão da Globo.

Com esta medida a abranger todos os profissionais da Globo, as estações concorrentes é que têm saído a ganhar. Renovam os seus leques de atores e autores a um custo reduzido, já que para trabalharem estes têm de se sujeitar aos valores que as estações oferecem, não existindo uma ‘obrigatoriedade’ em fazer propostas acima dos valores auferidos por contrato.

Este é um passo que está também a ser tomado em Portugal, já que muitos atores e apresentadores ficaram sem contrato de exclusividade quer na SIC como na TVI. Ainda assim a mobilidade dos profissionais não é muito vista, já que com vários projectos no ar a TVI tem quase sempre lugar para os atores com quem tem trabalhado. Já a SIC tem apostado nos castings nacionais e em ir buscar rostos ausentes do ecrã para as suas produções.

A liberdade de contratos é agora uma realidade com dois pontos de vista. É bom para quem assiste televisão, já que não tem de ver sempre os mesmos rostos, mas mau para quem trabalha na área, já que não tem assegurado o vencimento do mês seguinte. Feliz ou infelizmente, a realidade é esta e será assim nos próximos tempos.

Anselmo Oliveira

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